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    Sem reivindicação de autor, Turquia busca resposta sobre ataque terrorista

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    29/06/2016 13h55 - Atualizado às 00h15

    Um dia após o atentado que deixou ao menos 42 mortos no aeroporto internacional de Istambul, as autoridades turcas declararam luto oficial na quarta-feira (29). No meio-tempo, o governo busca respostas sobre um ataque ainda sem reivindicação oficial por parte de terroristas.

    O ataque, com 239 feridos, foi o mais letal ocorrido na maior cidade turca desde 2003, quando caminhões-bomba explodiram em frente a duas sinagogas e ao consulado do Reino Unido, deixando 57 mortos.

    Para o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, a responsável pela ação é a facção terrorista Estado Islâmico. O governo justifica a acusação devido à semelhança com outros ataques da organização, principalmente o que matou 17 pessoas no aeroporto de Bruxelas em março.

    Quem também disse que o ataque tem a marca da milícia é John Brennan, diretor da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA). No entanto, lembrou que os extremistas não reivindicaram a maioria das ações anteriores que fizeram na Turquia.

    Brennan disse que o atentado é um exemplo de que os EUA também podem ser atingidos e que o Estado Islâmico planeja mais ataques no Ocidente, organizados ou por meio de lobos solitários.

    Para o analista Michael Smith, consultor do Congresso americano em temas de combate ao terrorismo, a ausência de declaração de autoria pode ser uma estratégia dos responsáveis pelo ato.

    "Pode ter a intenção de minar ainda mais o conhecimento que o governo turco tem das ameaças à segurança do país", diz à Folha.

    Smith afirma que o EI sinalizava ataques à Turquia em sua propaganda on-line desde meados de 2015. O território turco foi, nos últimos anos, passagem para militantes rumo à Síria –algo que tem sido objeto de críticas.

    DETALHES

    Nesta terça, as autoridades turcas revelaram mais detalhes sobre a sequência do ataque. Segundo os investigadores, os autores chegaram ao terminal internacional do aeroporto de táxi por volta das 21h50 (15h50 em Brasília).

    Após troca de tiros no posto de controle da entrada do desembarque, o primeiro detonou a primeira bomba. Os outros dois se aproveitaram do caos para ativar os explosivos que levavam consigo.

    Entre as vítimas estão ao menos 13 estrangeiros, incluindo cinco sauditas e dois iraquianos. Cidadãos de China, Jordânia, Tunísia, Uzbequistão, Irã e Ucrânia também morreram no atentado. Durante esta quarta (29), o aeroporto já havia retomado sua atividade, e os destroços eram limpos pela equipe.

    Terceiro mais movimentado na Europa, o aeroporto concentra voos de toda a região, o que explica a variedade na nacionalidade dos passageiros –e uma das razões para ter sido atacado.

    Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, pediu que a comunidade internacional faça do ataque um ponto de inflexão na luta global contra o terrorismo.

    A Turquia deve viver, a partir de agora, um novo declínio na sua indústria do turismo. O país foi atacado diversas outras vezes, nos últimos meses, e já não possui mais uma imagem de local seguro.

    Os turcos registraram queda de 34,7% no número de turistas em maio, em comparação ao mesmo mês de 2015. A queda mensal foi a maior em 17 anos.

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