• Mundo

    Monday, 06-May-2024 09:35:29 -03

    Serra sugere postergar passagem da presidência do Mercosul para Caracas

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    05/07/2016 16h49 - Atualizado às 21h34

    A ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, rebateu nesta terça-feira (5), em tom ríspido, as reiteradas críticas do colega brasileiro, José Serra, ao governo chavista.

    A escalada ocorre no mesmo dia em que Serra propôs adiar a transferência da presidência rotativa do Mercosul para a Venezuela, prevista para a próxima terça (12).

    (Xinhua/Li Muzi)
    NUEVA YORK, febrero 16, 2016 (Xinhua) -- La ministra de Relaciones Exteriores de Venezuela, Delcy Rodriguez, conversa ante representantes de los medios de comunicación, en el debate del Consejo de Seguridad en las oficinas de la Organización de las Naciones Unidas (ONU), en Nueva York, Estados Unidos de América, el 15 de febrero de 2016. Delcy Rodriguez presidió un debate de nivel ministerial del Consejo de Seguridad con el tema del "Respeto a los propósitos y principios de la Carta de las Naciones Unidas como elemento clave para el mantenimiento de la paz y seguridad internacional" el lunes. (Xinhua/Li Muzi) (rtg)
    A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, em sessão na ONU, em fevereiro

    "A República Bolivariana da Venezuela rejeita as declarações insolentes e amorais do chanceler em exercício do Brasil", escreveu Rodríguez no Twitter, em meio às comemorações pelo 205º aniversário da independência do país.

    "Serra se soma à conjura da direita internacional contra a Venezuela e viola princípios básicos que regem as relações internacionais", postou a ministra, que integra o círculo mais próximo do presidente Nicolás Maduro.

    Rodríguez voltou a dizer que o afastamento da presidente Dilma Rousseff é um "golpe de Estado" contrário à "vontade de milhões de cidadãos que votaram [nela]."

    As declarações são as mais duras formuladas até agora por Caracas contra o governo do presidente interino, Michel Temer, que assumiu em maio com a promessa de reconfigurar a atuação do Itamaraty e nomeou Serra para executar essa missão.

    Num claro esforço para se distanciar da gestão petista, Serra vem multiplicando ataques à Venezuela. Ele acusou Maduro de violar princípios democráticos, manter presos políticos e ser responsável pela escassez generalizada de alimentos e remédios.

    Serra também já apoiou publicamente o plano da oposição de convocar o mais rápido possível um referendo para tentar revogar Maduro.

    MERCOSUL

    Nesta terça, Serra sugeriu que a Venezuela só poderá assumir a presidência rotativa do Mercosul —que lhe cabe pelos próximos seis meses conforme cronograma previamente acordado— se cumprir obrigações de adesão.

    "Buscamos uma solução que dê maior prazo, até agosto, quando a Venezuela precisa cumprir com as pré-exigências do Mercosul", disse Serra em Montevidéu, após encontro com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez.

    O ministro se referia ao fato de o Tratado de Adesão da Venezuela (2012) ter definido agosto de 2016 como prazo final para a incorporação de todas as regras. Na área aduaneira, porém, falta adequar-se ao acordo que é a pedra angular do comércio no Mercosul, conhecido como ACE-18.

    A Venezuela tampouco aderiu ao protocolo sobre livre comércio de serviços e não participa das conversas sobre uma futura área de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE).

    O governo chavista também resiste a adotar o Acordo sobre Residência, que permite a cidadãos viverem em qualquer país-membro sem maiores burocracias.

    Serra, que esteve acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse que a posição brasileira é "intermediária" entre a paraguaia, totalmente oposta à entrega da presidência à Venezuela, e a uruguaia, favorável ao respeito do cronograma prévio.

    Não está claro se, após as declarações de Serra, está mantida a reunião de chanceleres do Mercosul, na próxima segunda-feira (11), para tratar da Venezuela.

    A Casa Rosada também trabalha para que a Argentina ou o Uruguai comande o Mercosul nos próximos seis meses. Questionado por jornalistas sobre como ficariam as negociações com a União Europeia, o presidente argentino, Mauricio Macri, respondeu: "Nós vamos presidir o Mercosul nos próximos meses, impulsionando-o nessa direção".

    O mandatário não especificou se se referia à Argentina ou a alguma parceria com o Uruguai. Entre os diplomatas argentinos, porém, comenta-se que as duas possibilidades estão em análise. A afirmação foi feita em Bruxelas na segunda (4), onde o presidente se reuniu com representantes da União Europeia.

    Com informações de LUCIANA DYNIEWICZ, de Buenos Aires.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024