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    Impasse sobre Venezuela esvazia encontro do Mercosul

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES
    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    09/07/2016 02h00

    No mês em que deveria ocorrer a reunião de cúpula do Mercosul e a passagem da presidência rotativa do Uruguai para a Venezuela, o mal-estar entre os integrantes do bloco sul-americano é geral.

    Esta semana foi marcada pelos desentendimentos –em diferentes graus– entre Paraguai e Venezuela, Venezuela e Brasil, Brasil e Argentina, Uruguai e Brasil e Argentina e Uruguai.

    O Paraguai se opõe ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e defende a aplicação da Carta Democrática contra a Venezuela, sancionando-a no Mercosul e na OEA (Organização dos Estados Americanos).

    Miguel Rojo - 5 jul. 2016/AFP
    O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, durante entrevista em Montevidéu
    O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, durante entrevista em Montevidéu

    Para os paraguaios, Maduro viola direitos humanos ao manter opositores presos, interferir no Judiciário e impedir as ações do Legislativo, dominado pela oposição.

    O Uruguai, por sua vez, quer que Maduro assuma o comando do bloco e se irritou com a posição tomada pelo Brasil nesta semana.

    Segundo a Folha apurou, a visita do chanceler brasileiro, José Serra, acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para pressionar o Uruguai contra a Venezuela não foi bem vista por Tabaré Vázquez.

    O Brasil e a Argentina são contra a ideia de Maduro presidir o bloco. Serra tentou adiar para agosto a reunião marcada para segunda (11).

    Ele pediu que o encontro fosse postergado sob a justificativa de que Caracas precisa de mais tempo para se adaptar às normas do bloco.

    Os demais chanceleres, porém, sabem que a Venezuela não conseguiria cumprir todas as exigências comerciais e de integração em um mês.

    Montevidéu considerou que o governo interino de Michel Temer está menosprezando a rotação estabelecida entre os membros, segundo a qual a Presidência é revezada em ordem alfabética. Brasília e Buenos Aires estavam articulando para pular a vez da Venezuela.

    Por outro lado, Serra não aprovou a ausência de representantes da chancelaria uruguaia em uma entrevista coletiva que deveria ter ocorrido no início da semana em Montevidéu, deixando cadeiras vazias no local.

    A afirmação do presidente argentino, Mauricio Macri, de que ele ou Tabaré Vázquez estariam na liderança do Mercosul nos próximos meses, feita em entrevista coletiva em Bruxelas, não agradou nem mesmo ao Itamaraty, segundo a Folha apurou.

    Resultado: a reunião convocada pelo Paraguai para a próxima segunda (11) para discutir o problema da Presidência foi esvaziada.

    Serra, que havia dito que não poderia comparecer porque embarcava para a China na mesma data, afirma estar com um problema na coluna e deverá ficar no Brasil. Ele deve ser representado pelo secretário-geral, Marcos Galvão, ou por Paulo Estivallet de Mesquita, subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe.

    A chanceler da Argentina, Susana Malcorra, não vai porque recebe na segunda seu par da Holanda, Albert Gerard Koenders. Quem participará do encontro em Montevidéu será o vice-chanceler, Carlos Foradori.

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