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    Guerra do Iraque foi ilegal, admite ex-número dois de Tony Blair

    DA AFP

    10/07/2016 09h22

    John Prescott, vice-primeiro-ministro do então chefe de governo britânico, Tony Blair, reconheceu neste domingo (10) que a guerra no Iraque foi ilegal.

    O governo de Blair foi o principal aliado do então presidente americano, George W. Bush, para invadir o país árabe em 2003. Na época, os governos alegaram que o ditador iraquiano Saddam Hussein mantinha um arsenal químico no país.

    Dylan Martinez-04.mai.2006/Reuters
    FILE PHOTO - Britain's Deputy Prime Minister John Prescott arrives for a weekly cabinet meeting at Downing Street in London May 4, 2006. REUTERS/Dylan Martinez/File Photo ORG XMIT: DJM102
    John Prescott, então vice de Tony Blair, em Downing Street, em 2006

    O mea culpa foi feito em uma coluna publicada na edição deste domingo do "Sunday Mirror", dias depois da divulgação do Relatório Chilcot sobre a participação britânica nesse conflito.

    "Viverei com a decisão de ir à guerra e com suas catastróficas consequências pelo resto da minha vida", escreveu Prescott, que em 2003 era número dois de Blair.

    "Em 2004, o secretário-geral da ONU Kofi Annan disse que, posto que o objetivo principal da guerra do Iraque era a mudança de governo, a guerra era ilegal", lembra Prescott, hoje membro da Câmara dos Lordes. "Com grande pena e raiva, hoje acredito que estava certo", reconheceu.

    Prescott, contudo, jogou a maior parte da culpa nas mãos de Blair. Em seu artigo, ele afirma que o então premiê não divulgava informações que ajudassem os demais membros a tomar uma decisão e que preferia tomá-las sozinho.

    O ex-vice diz ainda que a decisão foi baseada em informações de pouca credibilidade, uma preocupação que nunca foi repassada aos membros do gabinete.

    Depois da publicação do informe Chilcot, Blair se desculpou pelos erros cometidos no conflito. Ele insistiu, porém, em que ir à guerra era o correto a fazer e que o mundo é um lugar mais seguro sem Hussein.

    Cerca de 150 mil iraquianos morreram nos seis anos que se seguiram à invasão do país. Mergulhado no caos, o país se transformou em terreno fértil para o surgimento de grupos extremistas como o Estado Islâmico.

    As tropas britânicas perderam 179 soldados no conflito.

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