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    Ninguém é 100% inocente em racismo, diz Obama em funeral de policiais

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    12/07/2016 17h00

    Mandel Ngan/AFP
    US President Barack Obama speaks during an interfaith memorial service for the victims of the Dallas police shooting at the Morton H. Meyerson Symphony Center on July 12, 2016 in Dallas, Texas. President Barack Obama attended a somber memorial Tuesday to five police officers slain in a sniper ambush in Dallas, as he seeks to unify a country divided by race and politics. / AFP PHOTO / Mandel NGAN ORG XMIT: MNN028
    Obama discursa durante funeral de policiais em Dallas

    Depois de uma das semanas mais tensas no conflito racial dos EUA, o presidente Barack Obama pediu união aos americanos ao participar, nesta terça-feira (12), do funeral dos cinco policiais brancos mortos na última quinta-feira (7) por um atirador negro em Dallas.

    "Não somos tão divididos quanto parecemos", disse o presidente, lamentando ter que voltar a uma situação que já viveu outras vezes em seu governo. "Eu já vim a cerimônias demais desse tipo."

    Obama exaltou o trabalho da polícia, mas também condenou o tratamento injusto recebido pelos negros pelo sistema judiciário, da polícia aos tribunais, afirmando que ninguém está imune ao racismo.

    "Nenhum de nós é totalmente inocente. Nenhuma instituição está totalmente imune, e isso inclui a polícia. Sabemos disso. Negros de todo o país mostram um desespero crescente com o tratamento desigual", disse Obama, citando estudos que comprovam a discriminação. "Se você é negro, tem mais possibilidade de ser parado, revistado, ou preso. Ou mais possibilidade de ter penas maiores e a pena de morte pelo mesmo crime."

    É a décima-primeira vez em sua Presidência que Obama viaja para consolar uma cidade vitimada pela violência, e a segunda em menos de um mês, depois do massacre que deixou 49 mortos numa boate em Orlando.

    Primeiro presidente negro da história dos EUA, ele mantém alta popularidade dentro desse grupo racial, mas muitos acham que a tensão racial no país aumentou durante seu governo.

    Obama encurtou uma viagem à Europa para ir a Dallas e passar uma mensagem de união ao pais, depois de uma semana trágica para as relações inter-raciais. Começou com as mortes de Philando Castile, 32, e Alton Sterling, 37, negros baleados por policiais brancos em dias diferentes. Filmadas e amplamente compartilhadas, as ações sugerem abuso dos policiais e desencadearam uma onda de protestos pacíficos pelo país contra a brutalidade policial.

    Os cinco policiais mortos em Dallas foram alvejados por um atirador durante uma dessas manifestações. O autor do ataque foi identificado como Micah Johnson, 25, militar da reserva que serviu no Afeganistão. Ele foi morto pela polícia após ser encurralado.

    Em seu discurso, Obama disse que há uma responsabilidade coletiva pelas tensões raciais no país, pelo fracasso em melhorar a vida das populações negras, o fácil acesso a armas de fogo e o baixo investimento em programas de saúde para viciados em drogas.

    "Exigimos demais dos policiais e de menos de nós mesmos", disse Obama.

    Residente em Dallas, o ex-presidente George W. Bush participou da cerimônia e exaltou o heroísmo dos policiais. "Para nós que vivemos e amamos Dallas, tivemos cinco mortes na família", disse.

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