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    Análise

    Símbolos que viram alvos

    CLÓVIS ROSSI
    COLUNISTA DA FOLHA

    14/07/2016 20h19

    Se os mortos e feridos de Nice foram de fato vítimas de um atentado terrorista, a mensagem explícita é clara: nada que tenha um aroma do modo de vida ocidental está a salvo dos fanáticos.

    A Promenade des Anglais é, talvez, a mais emblemática via da Côte d'Azur, ela própria um símbolo de como vive e se diverte a "beautiful people" ocidental. De um lado, edifícios, em geral residenciais; do outro, o calçadão que margeia a praia de um Mediterrâneo absurdamente azul.

    Se a esse local, já simbólico, se somar a festa do 14 de julho, a data nacional francesa, tem-se uma simbologia adicional ou uma provocação adicional aos fanáticos.

    Se não é a Côte d'Azur, são outros pontos emblemáticos do modo de vida ocidental, seja o aeroporto Atatürk, em Istambul, ou o Zaventem, em Bruxelas.

    Se não é a festa do 14 de julho, é a festa semanal de locais como o Bataclan, atingido há poucos meses.

    Não convém, em todo o caso, esquecer que a guerra dos fanáticos não é apenas contra o Ocidente, mas contra muçulmanos tidos como infiéis, casos de Bangladesh e Bagdá, para citar apenas atentados recentes.

    Aliás, é importante ressaltar que há mais vítimas muçulmanas do que de outras crenças, embora estas últimas provoquem mais ruído.

    A quase totalidade dos analistas atribui os atentados destes últimos meses ao fato de que o Estado Islâmico está perdendo aceleradamente os territórios que ocupa na Síria e no Iraque, nos quais proclamou seu califado.

    O território servia de propaganda e de fonte de atração para novos adeptos. À medida que encolhe, é preciso encontrar outras armas de propaganda —e Nice, o Bataclan, Atatürk e Zaventem são alvos de excelência, desgraçadamente.

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