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    'As pessoas despencavam da orla para fugir', diz brasileira em Nice

    CAROLINA LINHARES
    DE SÃO PAULO

    14/07/2016 20h39 - Atualizado às 23h01

    A menos de 300 metros do local onde um caminhão que atropelou uma multidão foi parado, em Nice (França), a brasileira Jucirema Cunier, 42, viu pessoas despencando da Promenade des Anglais, avenida litorânea da cidade, para dentro do restaurante onde estava.

    O restaurante, na praia, fica abaixo do nível da avenida, onde pedestres circulavam por ocasião da queima de fogos em celebração à Queda da Bastilha.

    "As pessoas despencaram da calçada para o restaurante. Tinha gente andando no telhado, que fica na altura da calçada", afirmou à Folha.

    O atentado deixou ao menos 84 mortos e ao menos 40 feridos nesta quinta-feira (14).

    "Os fogos foram lindos, estava uma atmosfera positiva, as pessoas estavam felizes celebrando e, de repente, estavam gritando e caindo no restaurante", disse Cunier. "Teve gente correndo para se abrigar no restaurante e gente correndo para o mar. Foi uma coisa horrorosa."

    Segundo a brasileira, entre os que buscaram refúgio no local, havia pessoas feridas. "Com luxação, braço machucado, perna quebrada", disse.

    Cunier dise ainda que saiu do restaurante sob escolta policial e caminhou pelas ruas paralelas à avenida, que foi bloqueada. "Eu vi as pessoas mortas cobertas, mas não podia tirar foto. Não podia usar o celular", afirmou.

    A brasileira relatou ter passado por diversos checkpoints no caminho de volta, com policiais verificando se as pessoas estavam armadas.

    Outra brasileira, Gabriela Rabaldo, 22, estava jantando com a família em uma rua próxima quando viu, do lado de fora, uma multidão correndo.

    "Todos tinham expressão de pânico, mães segurando os filhos... Os restaurantes começaram a fechar as portas", disse a estudante à Folha.

    "Imaginamos que era um ataque terrorista, mas não tínhamos a dimensão. Só vimos o quão perigoso foi quando saímos e sentimos a tensão na rua."

    De acordo com Rabaldo, as ruas ficaram silenciosas, a não ser pelo som das sirenes.

    "Uma hora antes, eu tinha ido correr na orla. E agora imagino que as pessoas com quem eu cruzei podem ter sido vítimas", afirmou.

    "É muito fácil, nessas situações, fomentar o ódio, mas isso só vai piorar as coisas", disse Rabalo, que está seguindo a orientação de permanecer em casa.

    HOSPITAL LOTADO

    O brasileiro Anderson Happel, morador de Nice, foi ferido pelo atropelamento. Ele afirmou à BandNews que viu corpos de idosos no local e que pessoas estão sendo atendidas na recepção do hospital.

    Happel relatou que aguarda uma ambulância para ser transferido a um estádio, onde uma enfermaria está sendo montada.

    Camila Lara, estudante brasileira que estava em Nice para as comemorações, disse à BandNews que houve muita correria no local. "Corremos sem saber o que estava acontecendo", afirmou.

    "As pessoas estavam correndo no meio da rua, caindo no meio da rua", afirmou.

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