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    Ao menos 265 morrem em confrontos após tentativa de golpe na Turquia

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    16/07/2016 08h13 - Atualizado às 13h24

    O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, descreveu a tentativa de golpe com "uma mancha na história da democracia da Turquia" e informou que o número de mortos nos confrontos é de ao menos 265. Outros 1.440 ficaram feridos.

    Em uma coletiva de imprensa neste sábado (16), Yildirim disse que as forças de segurança detiveram 2.839 militares suspeitos de envolvimento com a tentativa de golpe. Dentre os mortos, autoridades turcas informaram que 104 eram suspeitos de participação na tentativa de tomar o poder.

    O primeiro-ministro afirmou que a situação está "completamente sob controle" no país. "Eu felicito todos os cidadãos que resistiram ao golpe", disse.

    Durante a madrugada, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que a situação do país estava sob controle, após horas de caos provocado pela tentativa de golpe feita pelas Forças Armadas –porém, ainda era possível ouvir explosões em Ancara e Istambul.

    Por mensagem de celular, enviada em massa para a população turca, o presidente Erdogan pediu que as pessoas tomem as ruas e lutem pela democracia.

    Neste sábado, os voos no aeroporto de Ataturk, em Istambul, foram retomados.

    Como havia feito Erdogan, o primeiro-ministro acusou o pregador Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos, de estar por trás da ação. Ele, no entanto, negou veementemente.

    Segundo a agência de notícias estatal, após a retomada do poder, o governo expurgou 2.745 juízes. Foram expedidos ainda 48 pedidos de prisão contra membros da corte administrativa e 140 contra membros de cortes de apelação. Os magistrados seriam suspeitos de manter ligações com Gülen.

    TENTATIVA DE GOLPE

    Mais cedo, o general Ümit Dündar –nomeado comandante interino do Estado-Maior das Forças Armadas no lugar do general Hulusi Akar, que havia sido capturado pelos militares na sexta (15)– disse que oficiais da Força Aérea, da polícia militar e de unidades blindadas (tanques) eram os principais envolvidos na ação.

    Às 5h (23h de sexta em Brasília) Erdogan chegou ao aeroporto internacional Mustafa Kemal Atatürk, em Istambul, vindo de Marmaris, no mar Mediterrâneo. No terminal –alvo de um atentado que deixou 45 mortos em 28 de junho–, ele foi recebido por milhares de seguidores.

    No saguão, voltou a dizer que uma minoria das tropas esteve por trás do plano e afirmou que os participantes serão severamente punidos por seu governo. "Uma minoria dentro das Forças Armadas felizmente foi incapaz de fomentar a unidade turca. O que foi feito é uma rebelião e uma traição. Eles vão pagar muito caro por sua traição à Turquia."

    Erdogan sugeriu que golpistas tenham tentado assassina-lo, ao se referir a um bombardeio em um resort de Marmaris, no Mediterrâneo, depois de ele ter deixado o local. "Parece que eles pensaram que eu estava lá", disse.

    Erdogan, que se tornou presidente em 2014 depois de 11 anos como primeiro-ministro, vem aumentando o poder do chefe de Estado, fazendo com que o país assuma um modelo presidencial antes mesmo de mudança na Constituição através de referendo.

    O governo Erdogan também é alvo de críticas por diminuir a liberdade de expressão no país na tentativa de cercar seus opositores.

    REPERCUSSÃO

    Neste sábado, o secretario de Estado americano, John Kerry, afirmou que o país não recebeu pedido de extradição de Gülen e incitou a Turquia a apresentar provas do envolvimento do opositor.

    Em visita a Luxemburgo, Kerry disse ainda que os Estados Unidos ajudarão Ancara na investigação sobre a tentativa de golpe.

    A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou a tentativa de golpe. "É trágico que tantas pessoas tenham morrido nessa tentativa de golpe", disse neste sábado. "O derramamento de sangue tem que parar", acrescentou.

    Merkel afirmou que Berlim apoiou aqueles que defendem a democracia na Turquia e que é direito do povo turco escolher seu líder político em eleições livres.

    "Tanques nas ruas e ataques aéreos contra o próprio povo são uma injustiça", disse.

    O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, felicitou o apoio da população turca à democracia.

    "Aplaudo o forte apoio demonstrado pelo povo e por todos os partidos políticos à democracia e ao governo democraticamente eleito da Turquia", afirmou pelo Twitter.

    GRÉCIA

    A Grécia informou que prendeu oito homens a bordo de um helicóptero militar turco, que aterrissou no aeroporto de Alexandrópolis.

    Os homens, com uniforme militar, pediram asilo político, e foram detidos sob suspeita de participação na tentativa de golpe.

    A Turquia solicitou a extradição do grupo. O governo grego informou que devolverá o helicóptero o mais rápido possível, mas que irá analisar o pedido de asilo, seguindo normas internacionais.

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