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    Atirador da Louisiana manifestou descrença em protestos pacíficos

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL A CLEVELAND (OHIO)

    17/07/2016 21h15

    Gavin Eugene Long, 29, escreveu no Twitter que "violência não é 'a' resposta (é uma resposta)" após Micah Xavier Johnson, 25, executar cinco policiais brancos no Texas, em vingança pela morte de dois negros em outros Estados.

    "Mas até que ponto você se insurge para que seu povo não se transforme nos nativo-americanos... extintos?", continuou no último dia 13.

    Cinco dias depois, no dia de seu aniversário, ele vestiu roupas pretas, pôs uma máscara e matou três policiais e feriu ao menos outros três em Baton Rouge, Louisiana —a cidade de Alton Sterling, ambulante alvejado por um agente branco três semanas atrás. Foi morto na troca de tiros.

    Joe Penney/Reuters
    Police officers block off a road after a shooting of police in Baton Rouge, Louisiana, U.S. July 17, 2016. REUTERS/Joe Penney ORG XMIT: JP04
    Policiais bloqueiam rua em Baton Rouge, na Louisiana, após tiroteio que matou policiais

    Nas redes sociais, Long exibia fotos com batas tipicamente africanas e falava com descrença sobre protestos pacíficos.

    "Se vocês todos querem continuar protestando, façam isso, mas para os sérios, os de verdade, os alfas, sabemos o que precisa ser feito", tuitou.

    No domingo (17), antes de abrir fogo contra a polícia de Baton Rouge, ele foi visto perto de um local onde agentes costumam pegar café.

    A WAFB, emissora local, reproduziu vídeo em que uma testemunha descreve alguém "parecido com um ninja" carregando um rifle.

    Ainda não se sabe o que Long, natural do Missouri, fazia em Baton Rouge e por que atirou contra a polícia.

    MUNDO FITNESS

    Na internet, ele usava o nome Cosmo Setepenra e se definia como "estrategista da liberdade, treinador de jogos mentais, nutricionista, autor e conselheiro espiritual".

    Era ligado ao universo fitness. No site Convos with Cosmo, gabava-se de ter perdido 36 quilos em seis meses.

    Depois de afinar, entrou em seguida na Marinha —chegou a sargento e foi recrutado para o Iraque, o que faz dele um veterano de guerra, como o atirador do Texas. Era especializado em dados.

    Fontes do Exército afirmaram ao BuzzFeed News que ele serviu nas Forças Armadas de 2005 a 2010 e ganhou medalhas de honra.

    O estudante de nutrição conta em seu site sobre a "revelação espiritual" que o levou a abandonar a faculdade e vender dois carros, "livrando-se de todas as posses materiais".

    Com duas malas, começou uma jornada na África, "minha nação ancestral", passando por países como Quênia, onde nasceu o pai do presidente Barack Obama.

    Depois do ataque texano, Long fez vários comentários sobre o recrudescimento da tensão racial nos EUA.

    No dia 7 de julho: "Poder não respeita a fraqueza. Poder respeita poder".

    Um dia depois: "Se eles tentam e o destroem econômica e socialmente, aí você revida espiritualmente! #SuasArmasSãooInfinito".

    Na quinta (14): "Brancos acreditam mais em fantasma do que no racismo".

    Seu último tuíte foi no sábado (16), véspera do tiroteio: "Apenas porque você acorda toda manhã, não quer dizer que você está vivendo. E só porque você derramou seu corpo físico, não significa que esteja morto".

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