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    Maduro demite servidores que apoiam referendo revogatório, diz sindicato

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    19/07/2016 02h00

    Mais de 1.200 servidores que votaram a favor do referendo para revogar o mandato´ do presidente Nicolás Maduro perderam o emprego na Venezuela, afirma o sindicato União Nacional dos Trabalhadores (UNT), que levou o caso à Organização Internacional do Trabalho (OIT).

    As histórias ecoam a do funcionário público Roger Moreno, que em 20 de junho foi intimado a se apresentar ao departamento de recursos humanos do Seniat, equivalente à Receita Federal, onde trabalhava desde 1995.

    Ronaldo Schemidt - 6.jun.2016/AFP
    Eleitores venezuelanos assinam planilhas do referendo revogatório contra Nicolás Maduro em junho
    Eleitores venezuelanos assinam planilhas do referendo revogatório contra Nicolás Maduro em junho

    "Anunciaram que eu estava demitido. O funcionário do RH não me deu explicação e disse que só cumpria ordens", relatou Moreno, 49, à Folha.

    Outros quatro funcionários da mesma repartição, em Táchira (extremo oeste), foram dispensados no mesmo dia.

    Sem justificativa, todos supuseram um motivo: eles haviam apoiado por escrito a proposta da oposição venezuelana, em trânsito na Justiça eleitoral, de convocar um referendo revogatório.

    Semanas após formalizar a queixa na OIT por discriminação e assédio a servidores, a UNT agora se prepara para reforçar a ação com envio de provas. "Temos vídeos, gravações e cartas de demissão que provam de maneira clara os abusos do governo", disse a coordenadora do UNT, Marcela Máspero. Ela pede a reincorporação dos funcionários.

    Máspero lembra que vários membros do governo já haviam ameaçado servidores que apoiassem o referendo. Em maio, o deputado Diosdado Cabello, número dois do chavismo, exigiu um pente fino do abaixo-assinado. "Não se pode trabalhar para o governo e apoiar essas coisas."

    O referendo é a principal aposta da oposição para abreviar a presidência de Maduro, eleito em 2013 para um mandato de seis anos.

    Previsto na Constituição, o mecanismo depende de sucessivas coletas e verificações de de assinaturas.

    A oposição tem pressa já que nova eleição presidencial só seria convocada se Maduro for destituído até janeiro de 2017. Depois disso, o governo passaria ao comando do vice-presidente, atualmente Aristóbulo Istúriz.

    Não é a primeira vez que críticos do chavismo são perseguidos. Em 2004, o governo divulgou nomes de 2,4 milhões de pessoas que apoiaram um referendo revogatório contra o então presidente Hugo Chávez (1999-2013).

    Chávez sobreviveu à votação, mas quem respaldou a proposta perdeu empregos públicos e benefícios sociais.

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