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    Hillary é tudo aquilo de que os EUA já se cansaram, diz vice de Trump

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL A CLEVELAND

    21/07/2016 01h22

    "Cristão, conservador e republicano, nessa ordem", apresentou-se nesta quarta-feira (20) Mike Pence, ao aceitar a nomeação para ser o vice na chapa do candidato presidencial do Partido Republicano, o empresário Donald Trump.

    Para muitos dos delegados da convenção republicana, foi o primeiro contato com Pence, que, apesar de estar na política há anos, não é um nome de projeção nacional.

    "Até agora Donald Trump lutava sozinho", disse o governador do Estado de Indiana (meio-oeste). "Mas depois desta semana ele tem o apoio de todos vocês para ganharmos a eleição de novembro".

    Além da sua apresentação, entretanto, o foco do seu primeiro discurso foi a rival democrata, Hillary Clinton. Segundo Pence, a ex-secretária de Estado é tudo aquilo de que os EUA já se cansaram —políticos tradicionais tomando decisão em nome do povo.

    "No fim, esta eleição vai ter dois nomes na cédula, então vamos decidir aqui e agora que Hillary Clinton nunca vai se tornar presidente dos Estados Unidos", disse.

    "No momento em que os EUA estão pedindo algo novo e diferente, o outro partido respondeu com o nome mais previsível que podia. As pessoas nos dois partidos querem mudança, e democratas estão prestes a indicar uma pessoa que representa tudo aquilo de que este país está cansado", disse.

    LINHA DURA

    O homem escolhido por Trump para ser seu número dois tem uma longa carreira legislativa, com seis mandatos de deputado federal, antes de ser eleito governador de Indiana, em 2013.

    Religioso e linha-dura em temas sociais, ele reúne alguns dos principais atributos que o bilionário dizia procurar em seu vice: conservador, com traquejo legislativo e experiência executiva.

    Com a ajuda de Pence, Trump espera romper a resistência a seu nome na cúpula do partido e ampliar o apoio dos republicanos no Congresso. Outra vantagem, apontam analistas, é seu estilo sóbrio, como contraponto ao temperamento de Trump.

    Pence admitiu suas diferenças em relação ao "estilo colorido e repleto de carisma" de Trump, mas revelou que quando recebeu a oferta do magnata aceitou imediatamente.

    Radialista antes de entrar na política, Pence já se definiu como "conservador, mas não raivoso".

    Apesar de sóbrio, já demonstrou que é capaz de partir para a briga contra os democratas. Mesmo antes de ser anunciado oficialmente como você na chapa republicana, ele já começara a disparar críticas a Hillary, cumprindo outra função que Trump espera de seu vice: ser um cão de ataque. Precisa ser "um lutador com habilidade no combate mano a mano", disse o bilionário.

    Até Pence entrar na chapa presidencial de Trump, seu momento de maior destaque em escala nacional acabou em derrota. Foi no ano passado, quando assinou a Lei de Restauração da Liberdade Religiosa, que na pratica permitia que estabelecimentos comerciais se negassem a atender gays, para não ferir sua crença religiosa.

    Diante da revolta de comerciantes e grandes empresas, porém, ele foi forçado a mudar a lei, num recuo humilhante.

    Ainda assim, ter alguém com as credenciais de Pence a seu lado, serviu para que Trump apaziguasse uma parcela dos republicanos conservadores e evangélicos, muitos dos quais haviam apoiado o senador Ted Cruz nas prévias republicanas. O próprio Pence ficara com Cruz na etapa de seleção do candidato do Partido, antes de cair nas graças de Trump.

    "Pence é um conservador de verdade, não como Trump. Isso ajuda, mas não me tranquiliza completamente", disse à Folha Ray Hunkins, delegado republicano do Estado de Wyoming.

    Admirador de Cruz, ele apoiou o bilionário por falta de alternativa, mas prevê que a disputa será uma "aventura" para quem tem nervos fortes. "Ele é um candidato não convencional, numa época nada convencional".

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