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    Obama assumirá protagonismo mais direto na briga entre Hillary e Trump

    JULIE HIRSCHFELD DAVIS
    DO "NEW YORK TIMES"

    25/07/2016 09h49

    Joshua Roberts/Reuters
    U.S. President Barack Obama and Mexico President Enrique Pena Nieto (L) hold a news conference at the White House in Washington, U.S. July 22, 2016.
    O presidente dos EUA, Barack Obama, e o do México, Enrique Peña Nieto, em Washington

    Enquanto Donald Trump aceitava a nomeação republicana para presidente na convenção do seu partido na semana passada em Cleveland, o presidente Barack Obama fazia um contra-ataque noticioso sutil na Casa Branca, ao ser o anfitrião de uma recepção em homenagem a muçulmanos-americanos e ao convidar o presidente mexicano para uma visita, com o objetivo de destacar o estreito vínculo entre eles.

    O contraste implícito não poderia ter sido mais forte entre Trump, cujo discurso na convenção representou uma nação dividida em crise, um país com medo de estranhos, e Obama, que falou de inclusão, prosperidade e parceria internacional.

    Nesta semana, Obama vai assumir protagonismo mais direto na luta contra Trump ao trabalhar para unir os democratas em torno da candidatura de Hillary Clinton e persuadir eleitores independentes a apoiá-la também. Em entrevistas à imprensa e num discurso que será transmitido pela TV em horário nobre, programado para a noite de quarta-feira (27), segundo seus assessores, o presidente irá defender seu trabalho em política econômica e externa, argumentando que o país está mais seguro e mais próspero por causa disso –e que Clinton é a melhor opção para protegê-los.

    "Nosso trabalho acumulado fez a diferença", disse Obama à CBS na primeira dessas aparições, uma entrevista que foi ao ar no domingo (24) no programa "Face the Nation". "Não revolucionou o país, mas curvou aquele arco, e meu trabalho é garantir que, quando eu deixar esse lugar, os EUA estejam um pouquinho melhor. Vai depender da próxima pessoa continuar esse processo."

    Seu secretário de imprensa, Josh Earnest, expressou isso de forma mais acentuada na semana passada ao descrever qual será a mensagem de Obama para os democratas: "Não podemos nos dar ao luxo de mandar esse progresso para o ralo", disse ele.

    Obama também trará alguns dos seus próprios temas de campanha, de aspiração e renovação, ao trabalhar para reforçar a posição de Clinton entre eleitores jovens e das minorias. Estrategistas democratas reconhecem que alguns deles podem estar menos inclinados a apoiá-la –uma candidata que está intimamente ligada a administrações e políticas democratas do passado– do que o apoiaram quando ele era um senador jovem, em seu primeiro mandato.

    Obama está em boas condições de ser um defensor de Clinton, defendem seus assessores, por causa da sua popularidade –53% dos norte-americanos aprovam seu desempenho no cargo, de acordo com a pesquisa New York Times/CBS News deste mês– e porque ele é um ilustre convertido à sua causa, um rival de campanha antes amargo que acabou respeitando e confiando em Clinton.

    Na entrevista do domingo, Obama disse que ele havia se tornado amigo de Clinton, mas que os dois não são "amigos do peito". O presidente disse que tinha "plena consciência" dos seus pontos fortes e fracos.

    Média das pesquisas de opinião* -

    "Trata-se de alguém que sabe tanto sobre política interna quanto externa como ninguém; tem determinação; é motivada pelo que é melhor para os Estados Unidos e para as pessoas comuns; entende que, nessa democracia que temos, as coisas nem sempre acontecem tão rápido quanto gostaríamos, e que é necessário compromisso para obtê-las", disse Obama. "Ela nem sempre é espalhafatosa –e há melhores oradores–, mas ela sabe do que está falando."

    A convenção será um importante momento de despedida para Obama –um discurso no horário nobre com a defesa de sua liderança e suas realizações, e com a definição da escolha do seu sucessor– na quarta convenção democrata consecutiva em que desempenhou um papel enorme.

    Ele foi a presença principal em 2012 e 2008, ao aceitar a nomeação presidencial do seu partido. E, em 2004, um Obama relativamente desconhecido, então um senador estadual, explodiu em importância nacional com um discurso no qual pedia aos norte-americanos que rejeitassem as divisões partidárias de Estados vermelhos e azuis, e apoiassem valores comuns.

    Esses temas, agora matizados por sete anos e meio de experiência em como essas fraturas teimam em persistir, provavelmente vão ressurgir, com a intenção de Obama de desafiar Trump.

    "Em grande parte, ele foi eleito por causa do seu foco na esperança, e em resposta à escuridão da convenção republicana, especialmente o discurso de Donald Trump. Eu creio que ele vai achar importante falar sobre quais são os riscos e quais são as consequências de eleger alguém que está tão cheio de medo, e de raiva e divisão", disse Bill Burton, um ex-alto assessor que esteve entre os primeiros assessores da campanha presidencial de Obama.

    "Ele vai caminhar nesse palco consciente dos desafios que o povo norte-americano está sentindo, mas ele também vê o melhor dos Estados Unidos e gosta de falar sobre isso. Ele tem a capacidade de elevar a conversa", acrescentou Burton.

    A última vez em que um presidente popular em segundo mandato desempenhou um papel de destaque na convenção do seu partido foi Bill Clinton, em 2000, que saboreou um de seus momentos finais no centro das atenções como presidente. Clinton fez uma entrada dramática quando telas no salão de convenções em Los Angeles mostraram imagens, de uma câmera ao vivo, dele atravessando os corredores dos bastidores, como um atleta de elite ao entrar em uma arena para jogar uma partida final diante de uma multidão de adoradores.

    Obama também diz estar no ponto mais alto do seu jogo; só agora, ele parece estar tão preocupado em derrotar Trump quanto está em consolidar seu próprio legado como mandatário.

    "Sinto que sou um presidente melhor do que antes", disse Obama na CBS, e acrescentou que sua equipe está trabalhando em "nível máximo". "Mas também acho que é realmente importante para a autogovernança e para a democracia que passemos por esse processo", acrescentou Obama. "E vou conseguir entregar as chaves."

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