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    eleições nos eua

    Bancada feminina defende eleição de Hillary para fechar 'última brecha'

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL À FILADÉLFIA

    26/07/2016 17h03

    "Se não sentamos à mesa, não estamos no cardápio", resumiu a atriz Eva Longoria ao argumentar sobre a importância de eleger a primeira mulher presidente dos EUA.

    A estrela da série "Desperate Housewives", que discursou no primeiro dia da convenção democrata nesta segunda (25), voltou a defender a candidatura presidencial de Hillary Clinton no encontro da bancada feminina do partido, no qual ninguém tentou esconder que uma de suas principais motivações nesta campanha é ver uma mulher no cargo mais poderoso do mundo.

    Uma das mais aplaudidas foi Donna Brazile, nomeada para chefiar a convenção depois da renúncia da presidente do Partido Democrata, Debbie Wasserman Schultz, devido ao vazamento de e-mails constrangedores indicando favorecimento de Hillary nas prévias estaduais.

    Justin Sullivan/Getty Images/AFP
    MIAMI, FL - JULY 23: Democratic presidential candidate former Secretary of State Hillary Clinton and Democratic vice presidential candidate U.S. Sen. Tim Kaine (D-VA) greet supporters during a campaign rally at Florida International University Panther Arena on July 23, 2016 in Miami, Florida. Hillary Clinton and Tim Kaine made their first public appearance together a day after the Clinton campaign announced Senator Kaine as the Democratic vice presidential candidate. Justin Sullivan/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
    A pré-candidata democrata Hillary Clinton e o vice em sua chapa, Tim Kaine, durante comício na Florida

    Brazile evocou figuras históricas da luta pelo direito das mulheres nos EUA e incluiu Hillary entre elas. "Há oito anos elegemos nosso primeiro presidente negro. Agora iremos eleger a primeira mulher, para fechar a última brecha", disse.

    O argumento de que mulheres devem votar em mulheres, emanado da campanha de Hillary durante as prévias, causou controvérsia e revoltou apoiadores do senador Bernie Sanders, que foi derrotado por ela na disputa democrata.

    Um dos momentos mais acalorados foi quando a ex-secretária de Estado Madeleine Albright disse num comício de Hillary que "há um lugar especial no inferno para mulheres que não se ajudam".

    Albright voltou à campanha de Hillary nesta terça (26), por e-mail. Não repetiu a frase polêmica, mas manteve a ênfase no peso que a eleição de Hillary teria na evolução dos direitos da mulher no país e no mundo.

    "Em meu começo na diplomacia, eu costumava brincar que o único jeito de uma mulher influenciar a política era se a mulher de um embaixador derrubasse chá no colo de alguém", disse Albright, primeira mulher a ser chanceler dos EUA. Hillary foi a segunda.

    Ao mesmo tempo em que ressalta a importância histórica de uma primeira mulher presidente, a campanha de Hillary destaca os comentários ofensivos feitos pelo candidato republicano, Donald Trump, pintando-o como um misógino chauvinista.

    No primeiro dia da convenção, entre um e outro discurso, eram exibidos vídeos curtos com o título "Trump em suas próprias palavras", com trechos pinçados em entrevistas de décadas atrás. Num deles, o magnata aparece 20 anos mais jovem e conta como se irrita quando chega em casa e o jantar não está pronto.

    Historicamente os democratas recebem mais votos de mulheres em eleições presidenciais americanas, mas as pesquisas indicam que em 2016 a vantagem poderá ser a maior em 60 anos. Um dos motivos principais desse aumento seria a aversão provocada por Trump entre as mulheres.

    Por outro lado, Hillary também tem alto índice de rejeição, ainda que menor que o de Trump. A antipatia de grande parte do público americano pela democrata é produto de três décadas de difamação republicana, diz à Folha Pamela Eakes, delegada democrata do Estado de Washington (noroeste), que diz ser amiga pessoal da pré-candidata.

    Média das pesquisas de opinião* -

    Mostrando no celular uma foto ao lado da candidata, a publicitária afirma que sua imagem pública, de frieza e calculismo, é muito distante da realidade. Segundo ela, Hillary é de uma "pessoa calorosa e dedicada ao serviço público".

    A opinião de que a pré-candidata é a "pessoa mais qualificada que já concorreu à Presidência dos EUA" a deixa confiante num possível governo Hillary, mas Eakes não nega a importância simbólica de uma mulher pela primeira vez no topo da cadeia de comando.

    "Muda totalmente o diálogo na mesa de jantar", diz. "Uma menina que cresce hoje vendo uma mulher na Presidência recebe uma mensagem poderosa de que tudo é possível."

    A plateia era formada principalmente por mulheres acima dos 40 anos, mas também havia algumas mais jovens, como a estudante Emma Turner, 17, que só terá idade para votar no ano que vem.

    "Eu tinha nove anos quando ela tentou a candidatura pela primeira vez e lembro ter pensado, 'uau, que incrível, uma mulher na Presidência'. Foi muito inspirador'", contou Emma, diretora nacional de uma organização de estudantes democratas do ensino médio.

    Nas ruas da Filadélfia, onde ocorre a convenção democrata, não faltam mulheres com opinião bem diferente, reverberando um sentimento comum entre simpatizantes do senador Bernie Sanders.

    "Hillary nunca", diziam os cartazes dos manifestantes. "Um voto para Hillary é um voto para Trump", gritavam, citando pesquisas em que Sanders se sairia melhor do que a ex-secretária de Estado no eventual confronto com o candidato republicano.

    Para muitas manifestantes, o fator mulher não apenas é insignificante para definir seu voto, mas ofensivo quando usado pela campanha de Hillary. Ela tem histórico de desonestidade e laços obscuros com Wall Street, acusa a professora Minnie Bartell, de Nova York. "Para mim, ela é um homem", diz.

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