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    Candidata do Partido Verde quer atrair eleitores inconformados de Sanders

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL À FILADÉLFIA

    27/07/2016 12h41

    Dominick Reuter/Reuters
    Green Party presidential candidate Jill Stein speaks during a rally of Bernie Sanders supporters outside the Wells Fargo Center on the second day of the Democratic National Convention in Philadelphia, Pennsylvania, July 26, 2016. REUTERS/Dominick Reuter ORG XMIT: DNC02
    A candidata do Partido Verde, Jill Stein, durante comício na Filadélfia com apoiadores de Bernie Sanders

    Uma ideia vem ganhando força nas ruas da Filadélfia: Jill Stein é o novo Bernie Sanders.

    Com 12 milhões de votos, o senador de Vermont chegou longe com sua promessa de "revolução política", mas não o bastante para superar Hillary Clinton nas prévias democratas.

    Aí entra Stein, 65. Presidenciável do Partido Verde, ela virou um plano B para sanderistas que não cogitam votar em Hillary e muito menos em seu oponente republicano, Donald Trump.

    O nome da "doutora Jill", médica formada em Harvard, que cozinha suas próprias refeições orgânicas e cantava na banda de folk-rock Somebody's Sister, multiplica-se em cartazes da cidade –que sedia não só a convenção democrata, mas também uma série de protestos contra a ex-secretária de Estado.

    Nicholas Kamm/AFP Photo
    A supporter of former US Democratic presidential candidate Bernie Sanders and of Green Party candidate Jill Stein holds a sign at a rally at City Hall in Philadelphia on July 25, 2016, as Democrats gather to formally annoint Hillary Clinton as their candidate for the November presidential election at the Democratic National Convention. / AFP PHOTO / NICHOLAS KAMM ORG XMIT: NK373
    Apoiador do ex-pré-candidato Bernie Sanders a da candidata do Partido Verde, Jill Stein, na Filadélfia

    Stein aproveitou a maré favorável e se infiltrou na reunião da legenda adversária, na qual conversou na terça (26) com delegados pró-Sanders e que receberam com indigestão a candidatura de Hillary.

    Entre pedidos de selfie e gritos de "cai fora, oportunista!", Stein divide opiniões nessa turma. Aos partidários do senador, pedia: "Vocês não precisam se jogar na frente do ônibus".

    Mesmo candidata de um partido rival, ela chegou a endossar Sanders, com quem acha que tem muito em comum. Mas diz que seria suicídio ideológico um apoio forçado à presidenciável democrata.

    Ela disse à Folha que a teoria de "tapar o nariz" e votar no "mal menor" para evitar que um candidato ainda pior vença –Donald Trump, na opinião dos democratas–, não funcionará em 2016.

    "Hillary não pode pará-lo. Foram as políticas dos Clinton que criaram a crise que hoje alimenta a extrema-direita", diz, atribuindo à Casa Branca sob Bill Clinton "males" como a desregulamentação de Wall Street e a Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte).

    PESQUISAS

    De acordo com as pesquisas, contudo, é Stein quem não tem chances de frear o "Trem Trump", apelido que o magnata deu à própria campanha.

    Com uma ou outra exceção, há 160 anos as eleições americanas são polarizadas entre democratas e republicanos. Em 2016 não é diferente, ainda que o desempenho da terceira via esteja acima da média, com dois candidatos acima do traço (menos de 1%) nas pesquisas.

    São eles o libertário Gary Johnson e Stein, que foram incluídos em sondagem CBS/"New York Times" de julho e registraram, respectivamente, 9% e 3% das intenções de votos (Trump tem 44%, e Hillary, 39%).

    A candidata culpa a "mídia liberal", que teria interesse em manter o bipartidarismo, pelo "apagão" de coberturas para legendas menores.

    Ao mesmo tempo, ela quer espalhar sua mensagem e sabe que precisa da imprensa para amplificar a plataforma verde –suas causas vão da legalização da maconha à massificação de energias limpas.

    Sua intenção é quintuplicar o desempenho nas pesquisas nacionais: com 15%, tem direito a participar dos debates entre os principais candidatos em grandes emissoras.

    Também corre contra o tempo para incluir seu nome nas cédulas eleitorais, o que envolve cumprir uma série de regras específicas para cada um dos 50 Estados americanos. A opção "Jill Stein", por ora, está garantida em 23 territórios.

    EM CASA

    Em comum com Hillary, Stein tem a terra natal (as duas são de Chicago) e um diploma da Yvy League, clube das oito universidades de elite no país –a democrata fez direito em Yale.

    Com Sanders, ela compartilha as raízes judaicas e o ativismo à esquerda. Uma de suas principais propostas é irmã da Renda Básica de Cidadania defendida no Brasil pelo ex-senador Eduardo Suplicy: o governo teria de transferir por mês uma quantia para todos os seus cidadãos.

    Stein vive numa enriquecida cidade de Illinois, Highland Park, típico subúrbio americano que serviu de cenário para "Curtindo a Vida Adoidado" e "Esqueceram de Mim".

    Em 2012, ela tentou ser presidente pela primeira vez e terminou em quarto lugar, com 469.015 votos (0,36% do total). Para Stein, a hora é agora: Sanders está fora do jogo, e "as pessoas estão rejeitando os dois partidos como nunca antes".

    Sua mensagem ecoa bem entre a turma disposta a ir até a Filadélfia para defender a "revolução" do socialista-democrata e, diz Stein, dela também. Fora dessa zona de conforto, são outros quinhentos.

    Quando concorria quatro anos atrás, era comum fazer campanha nas ruas e, ao se apresentar como "candidata a presidente", receber de volta: "Presidente de quê?". Poucos acreditavam que o sonho de Stein é chegar na Casa Branca.

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