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    Ex-preso de Guantánamo que tentou entrar no Brasil é preso na Venezuela

    GABRIEL MASCARENHAS
    DE BRASÍLIA
    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    27/07/2016 17h33 - Atualizado às 22h55
    Erramos: esse conteúdo foi alterado

    O sírio Jihad Diyab, que vivia no Uruguai desde 2014, quando foi solto da prisão americana de Guantánamo (Cuba) após 12 anos sem julgamento, foi detido nesta terça-feira (26) pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional da Venezuela, Sebin.

    Diyab desaparecera havia pouco mais de um mês. O motivo da prisão não foi revelado pela Venezuela até a conclusão desta edição.

    A Folha apurou que ele levava um passaporte para refugiados emitido pelo Uruguai, uma cédula de identidade que atesta autorização de residência naquele país e uma caixa de remédios.

    No momento da prisão, Diyab aparentava estar debilitado -usava muletas e estava bastante magro.

    Ele ficou conhecido das autoridades brasileiras depois de tentar entrar no Brasil em pelo menos duas ocasiões.

    Ainda não se sabe como o sírio chegou à Venezuela. A agência russa de notícias Sputnik sustenta, porém, que ele foi de ônibus e, no trajeto, passou pelo Brasil. A Polícia Federal pediu a Caracas mais informações sobre o caso.

    Diyab foi capturado em 2002, no Paquistão, sob suspeita de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, responsável pelo 11 de Setembro, e levado para Guantánamo, onde os EUA mantêm prisioneiros da chamada "guerra ao terror". Em 2014, com mais cinco ex-detentos, teve autorização para viver no Uruguai.

    Pouco após a divulgação de seu desaparecimento, autoridades uruguaias disseram que Diyab cruzara a fronteira com o Brasil, mas não há registro de sua entrada.

    Um representante da PF ouvido pela reportagem no mês passado disse que o sírio foi barrado no posto de controle da cidade de Chuí, no Rio Grande do Sul, separada apenas por uma avenida do município de Chuy, no norte do Uruguai.

    Segundo a Folha apurou, em pelo menos uma das duas tentativas o ex-prisioneiro teria sido barrado porque o nome dele ainda constava na lista internacional de suspeitos de ligação com o terrorismo. Na época, ele alegou que faria uma palestra no Brasil.

    Diyab foi o ex-prisioneiro de Guantánamo que chegou ao Uruguai mais debilitado, após ter feito uma longa greve de fome na prisão.

    Na ocasião, foi alimentado à força por sondas, o que levou seus advogados a abrir um processo contra o governo americano.

    A PF e o Ministério da Justiça brasileiros foram comunicados da prisão de Diyab, mas, procurados, não se pronunciaram sobre o episódio.

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