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Manifestantes pró-Erdogan seguram bandeiras e uma foto do presidente em ato contra o golpe |
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Mundo
Friday, 22-Nov-2024 02:23:35 -03Após tentativa de golpe, governo turco fecha 131 meios de comunicação
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO27/07/2016 18h10 - Atualizado às 21h56
O governo da Turquia anunciou nesta quarta (27) o fechamento de 131 veículos de comunicação —entre eles 45 jornais, 23 rádios e 16 TVs, segundo a agência estatal Anadolu— e emitiu ordem de prisão contra 47 jornalistas.
O país declarou estado de emergência após uma tentativa fracassada de golpe em 15 de julho, à qual o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan reagiu com a detenção de mais de 15 mil pessoas (veja quadro abaixo) e um amplo expurgo nas Forças Armadas, no serviço público e no sistema de educação.
Entre os alvos de ordem de prisão nesta quarta, está o respeitado colunista e cientista político Sahin Alpay, detido em sua casa pela manhã.
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Líderes ocidentais e grupos de direitos humanos condenaram a tentativa de golpe que deixou 246 mortos e mais de 2.200 feridos, mas expressam temor com a reação, sugerindo que Erdogan esteja usando o ocorrido para reprimir oposição e ampliar poder.
Na segunda (25), autoridades turcas haviam anunciado a prisão de 42 jornalistas.
Erdogan acusa o clérigo Fethullah Gülen, em autoexílio nos EUA desde os anos 90, de criar um Estado paralelo e instigar o golpe de Estado, do qual Ancara alega terem participado setores militares. Gülen nega ter envolvimento.
Nesta quarta, mais 1.684 militares foram exonerados. Desde a tentativa de golpe, o governo turco suspendeu ou deteve mais de 60 mil militares, juízes, policiais, professores e jornalistas acusados de ligação com Gülen.
Sahin Alpay era colunista do "Zaman",maior jornal turco até ser interditado em março, ligado a Gülen. Mas Alpay era um conhecido ativista de esquerda, ex-integrante do CHP (principal partido de oposição secular turco) e sem relação clara com o clérigo.
CAÇA ÀS BRUXAS
"Essas prisões são uma caça às bruxas, uma tentativa de criminalizar opiniões críticas ao governo", disse à Folha o turco Timur Kuran, professor de economia, ciência política e estudos islâmicos da Universidade Duke (EUA).
"Alpay apenas trabalhava em um jornal ligado ao movimento de Gülen e simpatizava com as atividades de caridade do movimento [Hizmet, organização com atuação global inspirada pelo clérigo], não tem nenhuma ligação com terrorismo nem com tentativa de derrubar o governo."
Alpay e os outros jornalistas foram presos pela divisão antiterrorismo do governo, acusados de "participação em organização terrorista" e "tentativa de dissolver o governo da republica turca".
Segundo Kuran, há indícios de que o Hizmet, aliado a outros grupos, estaria envolvido na tentativa de golpe.
"Mas a repressão que veio com o contragolpe, com a prisão de milhares de dissidentes, muitos dos quais não têm nada a ver com Gülen e são apenas opositores de direita ou esquerda, mostra que o governo buscava pretexto para prender pessoas."
A organização Repórteres sem Fronteiras condenou as prisões. "Criticar o governo ou trabalhar para veículos de mídia que apoiam o movimento de Gülen não são prova de envolvimento no golpe fracassado", disse Johann Bihr, chefe do RSF para Europa do Leste e Ásia Central.
"Se as autoridades não conseguirem apresentar indícios mais concretos, serão culpadas de perseguir as pessoas por causa das opiniões delas, e isso é inaceitável."
A Turquia é o 151º dos 180 países no ranking de liberdade de imprensa no mundo.
O jornalista Yavuz Baydar, que também está na mira do governo, saiu da Turquia e não pretende voltar enquanto vigorar o estado de emergência, a princípio em vigor por três meses. Com o decreto, os dias de prisão preventiva legal no país passaram de 4 para 30, e mais de 2.000 instituições foram dissolvidas, inclusive escolas.
Baydar conversou com Alpay quatro dias atrás e disse estar preocupado, pois o colega tem 72 anos e problemas respiratórios. "Disse que ele deveria ir para a Grécia ou outro lugar esperar a situação acalmar. Ele me disse: estou muito velho para isso, vou esperar meu destino aqui."
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