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    Turquia expulsa mais 1.400 militares e muda conselho militar supremo

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    31/07/2016 13h39 - Atualizado às 22h44

    A Turquia anunciou neste domingo (31) a destituição de 1.389 membros das Forças Armadas, em nova etapa do expurgo promovido pelo presidente Recep Tayyip Erdogan depois da tentativa de golpe militar de 15 de julho.

    Com o novo anúncio, passa de 3.000 o número de militares expulsos. O expurgo acontece no mesmo dia em que o governo anunciou medidas para aumentar seu controle do comando militar.

    Umit Bektas/Reuters
    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante anúncio de estado de emergência de três meses no país
    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, durante anúncio de estado de emergência de três meses no país

    Dentre os expurgados, estavam os ajudantes de ordens de Erdogan, do chefe do Estado-Maior, Hulusi Akar, e do ministro da Defesa, Fikri Isik.

    Todos são suspeitos de ligação com o movimento Hizmet, do líder religioso Fetullah Gülen, apontado por Erdogan como responsável pelo golpe. O clérigo turco, que mora nos EUA, nega qualquer relação com a tentativa de derrubar o presidente.

    Sob a mesma justificativa, em 16 dias o governo demitiu 70 mil funcionários públicos, afastou quase 3.000 membros do Judiciário, prendeu mais de 18 mil pessoas, fechou 131 meios de comunicação e cancelou os passaportes de 49 mil turcos.

    Junto com as expulsões, o governo anunciou no Diário Oficial as mudanças na estrutura do Conselho Militar Supremo. Além do primeiro-ministro e do ministro da Defesa, passarão a ter assento no grupo os vice-premiês e os ministros do Interior e das Relações Exteriores.

    Também foi reduzido o número de militares, a fim de dar mais controle aos civis. Além das decisões sobre operações das Forças Armadas, o conselho é responsável por apontar e promover oficiais.

    No mesmo decreto, Erdogan ainda submeteu as Forças Armadas ao controle do Ministério da Defesa e deu a si e ao primeiro-ministro, Binali Yildrin, o poder de dar ordens diretas aos militares sem passar pela aprovação de outras autoridades.

    Os militares também perderam o controle de hospitais, repassados ao Ministério da Saúde, e tiveram as instituições de ensino fechadas.

    Em seu lugar, o governo criará uma universidade única para formar oficiais das Forças Armadas, da Polícia Nacional, da Guarda Nacional e da Guarda Costeira.

    O reitor desta nova instituição será apontado de forma direta pelo presidente.

    NOVAS PRISÕES

    Junto com o expurgo, as autoridades turcas prenderam mais 33 pessoas, em sua maioria governadores de províncias turcas, acusadas de relação com o golpe.

    O governo também identificou entre os 89 jornalistas presos seis ex-repórteres e colunistas do jornal "Zaman". A publicação, que sofreu intervenção estatal em março, era um dos meios controlados pelo movimento Hizmet.

    O expurgo direcionado ao grupo ligado a Fetullah Gülen e a retirada de poder dos militares são criticadas por Estados Unidos e União Europeia, que acusam Erdogan de querer usar as demissões para eliminarem a oposição.

    Nesta segunda (1º), o primeiro-ministro, Binali Yildrin, deve se encontrar com o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Joseph Dunford.

    Além do combate à facção terrorista Estado Islâmico na Síria e no Iraque, eles deverão discutir a extradição de Gülen, que foi pedida há duas semanas pela Turquia.

    Em entrevista na noite de sábado (30), Erdogan disse ter sido enganado pelo líder religioso. "Se este golpe tivesse ocorrido até quatro anos atrás, acredite, eu não teria essa consciência. Que Deus nos perdoe."

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