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    Número 2 do regime nazista, Himmler terá agendas publicadas em 2017

    DA DEUTSCHE WELLE

    03/08/2016 11h04

    As agendas de compromissos do nazista Heinrich Himmler (1900-45), considerado o homem número 2 do regime nazista, serão publicadas em 2017, informou nesta terça-feira (2) o Instituto Histórico Alemão de Moscou.

    Os documentos, que cobrem os anos de 1938 e 1943-45, foram descobertos em 2013 no arquivo do Ministério da Defesa da Rússia em Podolsk, nas proximidades de Moscou. As anotações, totalizando mil páginas, serão publicadas em dois volumes, acrescidos de explicações e notas elaboradas por historiadores, no fim de 2017.

    As agendas, datilografadas por auxiliares, listam em detalhes os compromissos diários de Himmler e completam uma lacuna sobre as atividades do líder nazista, depois da descoberta das agendas de 1940 e 1941-42, encontradas no início da década de 1990 e publicadas em 1999.

    1940/Reuters
    ORG XMIT: 233201_0.tif 1940Líder nazista Adolf Hitler ao lado de Heinrich Himmler, chefe da Gestapo. The United States Central Intelligence Agency released files on Adolf Hitler (C) and 19 others April 27, 2001, including some who eventually worked with the U.S. and other intelligence agencies and evaded prosecution during the Cold War. Hitler stands beside Heinrich Himmler, the head of the Gestapo, to observe a parade of Nazi Stormtroopers in this file photo from 1940. REUTERS/Corbis
    Heinrich Himmler (à esq.) e o líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler, em foto de 1940

    Os documentos mostram um cronograma apertado de encontros com burocratas, generais nazistas, líderes estrangeiros (como Benito Mussolini, ditador fascista italiano), e visitas a campos de concentração, incluindo Auschwitz, Sobibor e Buchenwald.

    Na hierarquia da Alemanha nazista, Himmler estaria atrás apenas de Adolf Hitler (1889-1945). Ele foi inicialmente chefe da força paramilitar nazista Sturmabteilung (SA), antes de o partido de Hitler chegar ao poder, em 1933.

    No final do regime nazista, 12 anos depois, Himmler havia acumulado tantas posições —Reichsführer SS, chefe da polícia, Ministro do Interior, comandante do Ersatzheer (a parte do Exército que agia dentro da Alemanha)— que seu poder somente era superado pelo de Hitler.

    Himmler se suicidou em Lüneburg, em 23 de maio de 1945, quando estava sob custódia britânica, duas semanas após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

    PAPEL NO HOLOCAUSTO

    O papel preponderante dava a Himmler o controle sobre os campos de concentração, bem como da agência de inteligência doméstica.

    A publicação dos escritos de Himmler é vista como significativa, pois nenhum outro líder nazista manteve anotações tão detalhadas sobre seu cotidiano —com exceção do ministro da Propaganda, Joseph Goebbels.

    "Goebbels era, na verdade, uma figura do segundo escalão", afirma o historiador Matthias Uhl, do DHI, que coordena o projeto e estudou as agendas durante os últimos três anos. "É possível acompanhar minuto a minuto o dia de Himmler, e reconstruir algumas decisões importantes."

    Philippe Cherel/Maxppp/Xinhua
    (150125) -- OSWIECIM, enero 25, 2015 (Xinhua) -- Imagen del 23 de enero de 2005, de personas caminando frente a la puerta del antiguo campo de concentración de Auschwitz-Birkenau en la que se puede leer la frase "Arbeit Macht Frei" (el trabajo libera), en Oswiecim, en el sur de Polonia. El 27 de abril de 1940, en la Polonia ocupada por los nazis, luego de una serie de inspecciones a varios sitios debido al incremento de los arrestos de polacos más allá de la capacidad de las prisiones locales, Heinrich Himmler, comandante de las Schutzstaffel (Escuadras de Defensa), mejor conocidas como las "SS", dio la orden de establecer un campo de concentración en el antiguo cuartel de artillería de la ciudad de Oswiecim, en ese tiempo conocida por su nombre alemán de Auschwitz, lo que dio origen a la creación del complejo de Auschwitz, mismo que inició labores el 14 de junio de ese año. En un inicio, Auschwitz funcionó exclusivamente como campo de concentración, siendo los prisioneros polacos su principal población, aunque también existían prisioneros judíos y gitanos, hasta que a principios de 1942 comenzaron las exterminaciones masivas de judíos en las cámaras de gases y los crematorios. Para el 22 de noviembre de 1943, debido a las dificultades de administrar un complejo tan grande, que en su temporada de mayor actividad cubrió 40 kilómetros cuadrados, Auschwitz se dividió formalmente en 3 campos principales. Auschwitz I fue donde se localizaban la administración de la guarnición de las SS, el comandante de la guarnición local y el comandante del campo, además de ser la sede de las principales oficinas de los departamentos político y de trabajo de los prisioneros, las principales tiendas de suministros, los talleres y las compañías de las SS. Auschwitz II, o Auschwitz-Birkenau, el más grande de los campos y subcampos del complejo, fue inaugurado formalmente en marzo de 1942, y fue el lugar donde murieron la mayoría de las alrededor de un millón cien mil víctimas, en su mayoría judíos. Auschwitz III o Auschwitz-Monowitz, uno de los primeros y el más grande los más de 40 subcampos que componían el complejo, y sede de la administración de los subcampos "industriales", su construcción terminó en 1943. Para finales de 1944, el complejo de Auschwitz inició una fase preliminar de evacuación y dio comienzo a la destrucción de la evidencia de los crímenes perpetrados en los campos, como la quema de los archivos y el desmantelamiento y destrucción de los crematorios y las cámaras de gases, y para mediados de enero de 1945, los alemanes iniciaron la evacuación final de los prisioneros saludables, quienes se vieron forzados a marchar hacia el oeste, ante la inminente llegada del ejército soviético. Para los útlimos días de funcionamiento del complejo, la mayoría de los miembros de las SS habían abandonado el campo, dejando atrás a aquellos prisioneros que se encontraban demasiado enfermos o demasiado exhaustos para marchar, y el 27 de enero de 1945 los soldados del ejército soviético entraron al campo de concentración de Auschwitz, liberando a alrededor de 7,000 personas que seguían dentro del complejo. En 1979, la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO), nombró a Auschwitz-Birkenau como Patrimonio de la Humanidad por ser uno de los lugares de mayor simbolismo del Holocausto. El 1 de noviembre de 2005, la Organización de las Naciones Unidas (ONU), aprobó una resolución para designar el 27 de enero como el Día Internacional de Conmemoración En Memoria de las Víctimas del Holocausto, rechazando las tentativas de negar el hecho y señalando que todos los pueblos y Estados tienen un interés vital en que el mundo esté libre del genocidio. (Xinhua/Philippe Cherel/Maxppp/ZUMAPRESS) (da) (ce) ***DERECHOS DE USO UNICAMENTE PARA NORTE Y SUDAMERICA***
    Entrada do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia

    As agendas também tornam mais claro o papel de Himmler no Holocausto. "Agora é possível reconstruir o trabalho [de Himmler] na segunda metade da guerra", comenta Uhl.

    Os documentos mostram que Himmler passou por uma série de campos de concentração, bem como pelo gueto de Varsóvia (em 9 de janeiro de 1943) e teve um papel ativo na coordenação dos assassinatos em massa de judeus. "E vemos como todos os seus contatos na sua rede de relações dentro do Estado e no setor econômico se ajustam para reforçar a posição dele", diz Uhl.

    DISCURSO CENTRAL

    Uma das entradas mais importantes, publicada nesta terça-feira pelo jornal alemão "Bild", pode ser encontrada no dia 4 de outubro de 1943, quando Himmler discursou num encontro de líderes da SS —guarda de elite nazista—, às 5h30 no Hotel Ostland, em Pozdan, cidade na Polônia ocupada.

    A anotação documenta o primeiro dos famosos "discursos de Pozdan", um dos poucos momentos gravados em que um líder nazista fala abertamente sobre o Holocausto.

    Na fala, que durou três horas, e que teve uma parte lida nos julgamentos de Nuremberg, Himmler diz: "Entre nós deve-se falar abertamente sobre isso, apesar de que jamais falaremos sobre isso em público —digo, sobre a evacuação judaica, sobre a extinção do povo judeu".

    A agenda mostra que, após o discurso, Himmler participou de uma ceia com líderes da SS.

    SEM DÚVIDAS SOBRE AUTENTICIDADE

    Uhl também confirma que não há dúvidas de que as agendas são autênticas, tanto pelo conteúdo quanto pela coincidência exata com documentos similares da época. "Falsificar isso seria impossível."

    Os documentos foram encontrados no arquivo russo, marcados simplesmente com a palavra russa "dnewnik", que significa diário, o que foi um dos motivos pelos quais estiveram desaparecidos durante tanto tempo.

    Uhl destacou que não se sabe como exatamente os documentos foram parar com o Exército Vermelho.

    O "Bild" publicou fotos e citações tiradas da agenda ao longo desta semana. O arquivo em Podolsk contém cerca de 2,5 milhões de páginas de documentos confiscados pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. Eles estão sendo digitalizados e publicados por instituições teuto-russas.

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