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    Eleição para Donald Trump chegar à Casa Branca depende de três Estados

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    04/08/2016 02h00

    Joe Raedle - 3.ago.2016/Getty Images/AFP
    O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, discursa em Daytona Beach, na Flórida
    O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, discursa em Daytona Beach, na Flórida

    Tanto Hillary Clinton quanto Donald Trump ganharam impulso nas pesquisas de intenção de voto após as convenções de seus partidos, na segunda metade de julho.

    Primeiro foi a vez dele, oficializado candidato republicano em evento entre os últimos dias 18 e 21, de avançar —44% contra 39% da rival, segundo levantamento da CNN com o instituto ORC.

    Uma semana depois, confirmada candidata democrata, Hillary atingiu 45% de apoio contra 37% do oponente, na sequência da mesma pesquisa. Em ambos os casos, foram levados em conta os candidatos Gary Johnson (Libertário) e Jill Stein (Verde).

    ESTADOS-PÊNDULO - Saiba como estão os candidatos em Estados decisivos, em %

    Levantamentos de outros institutos mostram tendências similares, e na média das pesquisas calculadas pelo site Real Clear Politics ela aparece com 46,5%, e ele, com 42%.

    Acompanhadas com atenção pelo público, porém, as oscilações dessas pesquisas não são o melhor indicador de quem ocupará a Casa Branca.

    Em um país onde o voto não é obrigatório (entre 55% e 60% dos cidadãos aptos a ir às urnas costumam fazê-lo nas eleições presidenciais) e no qual a eleição é indireta e se dá por Colégio Eleitoral, o cenário parece o de um jogo de conquista de território ao estilo WAR.

    E o tabuleiro agora se mostra desfavorável a Trump.

    Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o republicano precisa vencer em Ohio, Flórida e Pensilvânia para ser eleito. São eles que têm maior peso entre os chamados Estados-pêndulo, onde nenhum partido tem a preferência garantida do eleitorado e que somam 12 nesta eleição (veja quadro acima).

    Delegados - Número de delegados em cada um dos Estados-pêndulo

    A tarefa, porém, é menos simples do que parece. Nas médias do Real Clear Politics para julho em Ohio e na Flórida, Hillary e Trump estão em empate técnico. Na Pensilvânia, onde um republicano não é preferido para a Casa Branca desde 1988, ela está cinco pontos à frente.

    "As chances de Trump dependem de conquistar Estados-pêndulo grandes", diz o analista Jack Rakove, da Universidade de Stanford.

    VOTO ESTADO A ESTADO

    Essa configuração faz com que nas eleições presidenciais nos EUA pesem mais os resultados por Estado do que a soma de votos no país. O Colégio Eleitoral é composto por 51 delegações (50 Estados e o Distrito de Colúmbia) que somam 538 votos.

    O tamanho de cada delegação varia segundo o tamanho da população do Estado que representa, e seu voto segue, em lote, as urnas locais. A Flórida, por exemplo, tem 29 votos no Colégio, e todos eles vão para quem vencer a eleição no Estado, mesmo que seja por uma diferença mínima.

    As preferências de cada Estado são computadas, e quem obtiver a maioria dos 538 votos no colégio (270) é eleito.

    COLÉGIO ELEITORAL - Vitorioso tem de obter ao menos 270 dos 538 votos

    "Neste sistema, vencer por dez votos populares num Estado significa conquistar todos os votos desse Estado no Colégio Eleitoral", diz Robert Bennett, professor da Northwestern University (Illinois) e autor do livro "Taming the Electoral College" (Domando o Colégio Eleitoral).

    Por isso, dissonâncias entre as urnas e o Colégio Eleitoral ocorrem, ainda que sejam raras. Em 2000, o democrata Al Gore obteve cerca de 500 mil votos a mais que George W. Bush no país, mas Bush teve quatro votos a mais no Colégio e venceu.

    Como a maioria dos Estados já têm preferência partidária definida, os candidatos investem quase todo seu tempo e verba de campanha nos Estados-pêndulo —afinal, além de tudo é preciso animar o eleitor a ir à urna.

    Trump e seus aliados já perceberam quais serão os desafios para o empresário e limitaram o número de Estados-alvo. O comitê de arrecadação de fundos (super-PAC) Rebuilding America Now (reconstruindo os EUA agora), que apoia o republicano, reservou tempo para propaganda na TV apenas na Flórida, na Pensilvânia e em Ohio.

    Já o principal comitê pró-Hillary, o Priorities USA Action (ações prioritárias para os EUA), investirá em pelo menos nove Estados, de acordo com o "New York Times".

    Voto popular - Confira as pesquisas de intenção de voto

    Segundo os especialistas ouvidos, é possível —embora menos provável— que o quadro de 2000 se repita, com Trump preferido pelo voto popular e derrotado no Colégio Eleitoral. "Ambos os candidatos têm altas taxas de rejeição, mas Hillary vê a sua avançar", diz Rackove, considerando um possível ganho de Trump entre a população.

    Para Christopher Wlezien, professor da Universidade do Texas em Austin e coautor de "The Timeline of Presidential Elections" (A linha do tempo das eleições presidenciais), é preciso observar com atenção as próximas sondagens e "o efeito real das convenções".

    Em seus estudos, Wlezien constatou que os líderes das pesquisas feitas duas semanas após as convenções não perdem a eleição desde 1952.

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