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    Justiça cancela ordem de prisão contra líder das Mães da Praça de Maio

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    05/08/2016 21h37

    Um dia após mandar deter a presidente da associação Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, por ela se recusar a depor duas vezes, a Justiça argentina cancelou a ordem de prisão.

    Bonafini havia sido convocada para falar sobre um caso que investiga desvio de dinheiro público destinado a construção de casas populares.

    AFP
    A líder das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, deixa a sede da entidade em Buenos Aires
    A líder das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, deixa a sede da entidade em Buenos Aires

    O programa era organizado pelas Mães da Praça de Maio e financiado pelo governo de Cristina Kirchner (2007-2015), mas foi interrompido após denúncias de corrupção.

    A defesa de Bonafini apresentou um pedido para que se cancelasse a prisão e afirmou que a ativista de direitos humanos se comprometia a se apresentar à Justiça na próxima semana.

    Bonafini, 87, é um dos maiores símbolos de resistência da última ditadura argentina (1976-1983) por ter sido uma das fundadoras da entidade que busca os desaparecidos do período. Seus dois filhos e sua nora estão entre os desaparecidos.

    Após a ordem de prisão, na quinta, militantes kirchneristas impediram a polícia de entrar na entidade e levar Bonafini. Eles formaram um cordão humano ao redor da sede da associação.

    O caso que envolve Bonafini é mais um dentre vários que investigam o governo da ex-presidente Cristina Kirchner, denunciada por lavagem de dinheiro, falsificação de documento público e má administração de recursos públicos.

    Todos esses processos ganharam velocidade após a chegada de Mauricio Macri à Presidência, em dezembro do ano passado.

    Bonafini é bastante próxima de Cristina. A ex-mandatária deu apoio financeiro às ações sociais das Mães da Praça de Maio e impulsionou o julgamento dos responsáveis pela ditadura.

    Apesar de ser reconhecida como ativista de direitos humanos, Bonafini é questionada por muitos no país por adotar uma postura radical. Anti-americana, ela afirmou em 2001 que havia se alegrado quando soube do atentado às Torres Gêmeas, em Nova York.

    Sete anos depois, em um protesto dentro da Catedral de Buenos Aires, ela fez suas necessidades em um balde próximo ao altar e denunciou o então cardeal Jorge Bergoglio (hoje papa Francisco) de haver trancado os banheiros da igreja.

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