A polícia de Chicago divulgou nesta sexta-feira (5) imagens da perseguição a um jovem negro de 18 anos que acabou morto pelos agentes. As cenas, contudo, não incluem o exato momento em que Paul O'Neal, 18, que estava desarmado, foi morto por disparos dos agentes —o que levou a especulações de que a polícia tentou acobertar o assassinato e causou protesto na cidade.

O vídeo mostra imagens, capturadas por uma câmera de viatura, da perseguição policial a um Jaguar roubado, dirigido por O'Neal. Ao menos dois policiais disparam contra o carro, que bate em viaturas. O motorista foge por entre as casas.

	Chicago Police Department/Handout/Reuters
	Imagem retirada de vídeo mostra a polícia imobilizando Paul O'Neal depois dele ter sido atingido por tiro

A câmera acoplada ao uniforme de um policial mostra então a perseguição ao jovem, que, contudo, não aparece nas imagens. Quando o agente com a câmera chega ao local onde está O'Neal, o jovem está deitado de bruços no chão, atingido por um disparo nas costas e sendo imobilizado por vários agentes. É possível ouvir ainda um agente xingando o jovem. "Eles atiraram na gente também, não?", pergunta, em referência aos ocupantes do Jaguar.

Um policial revista a mochila nas costas do jovem. Nenhuma arma foi encontrada com ele.

Segundo a polícia, não há imagens do momento exato em que O'Neal foi atingido pelo disparo porque a câmera acoplada ao agente autor do tiro não estava funcionando —não se sabe, contudo, se estava desligada ou se foi quebrada durante a perseguição.

O porta-voz da polícia, Anthony Guglielmi, disse que os aparelhos chegaram apenas dez dias antes do tiroteio e "os policiais não tiveram muito tempo para interagir com o equipamento".

O reverendo Jesse Jackson, líder de direitos civis de Chicago, disse que a ausência das imagens do momento do assassinato foi uma forma de acobertar o crime. "A força foi excessiva. Foi desnecessário. Foi uma execução."

Na noite desta sexta-feira (5), manifestantes protestaram contra a morte de O'Neal com cartazes com fotos do jovem e pedidos pelo fim da violência.

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	Manifestantes criticam morte de Paul O'Neal em ato em Chicago

Um advogado da família de O'Neal afirmou em entrevista a jornalistas que o jovem foi morto a sangue frio e pediu que um promotor especial seja destinado para investigar o caso. "Não há dúvidas em minha mente de que estes policiais perseguiram esse jovem e o assassinaram", disse Michael Oppenheimer.

O superintendente de polícia de Chicago Eddie Johnson disse em comunicado que o tiroteio, ocorrido em 28 de julho, "levanta muitas questões sobre se as regras do departamento de polícia foram seguidas".

Johnson afirma ainda que os agentes serão responsabilizados por suas ações, "caso erros sejam descobertos".

Três agentes perderam sua autoridade policial, um passo mais severo que a suspensão, pelo envolvimento no tiroteio.

A morte de O'Neal é a mais recente de uma série de assassinatos de homens negros por policiais em cidades americanas, o que causou protestos e o acirramento do debate sobre discriminação racial.