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    Apesar de relação com Trump, Macri declara preferir vitória de Hillary

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    10/08/2016 17h09 - Atualizado às 00h33

    Agustín Marcarian/Reuters
    Mauricio Macri concede entrevista na Casa Rosada, em Buenos Aires
    Mauricio Macri concede entrevista na Casa Rosada, em Buenos Aires

    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, declarou nesta quarta-feira (10) que prefere a vitória da candidata democrata, Hillary Clinton, na disputa pela Casa Branca.

    Macri, que já teve uma "relação intensa" com Donald Trump, disse que o republicano tem propostas contrárias às suas. "Acredito nas relações, não em levantar muros. Espero ter uma contraparte que acredite no mesmo", afirmou, em entrevista ao site "BuzzFeed".

    O republicano já propôs a construção de um muro na fronteira com o México para impedir a imigração ilegal e, na área econômica, indicou uma postura hostil a acordos comerciais com outros países.

    Macri e Trump se conheceram pessoalmente nos anos 1980, quando suas empresas negociaram a construção conjunta de um prédio em Nova York.

    Macri, então com pouco mais de 20 anos, foi o encarregado por seu pai, Franco, de liderar o projeto, que acabou ficando no papel.

    Nesta quarta, o mandatário argentino destacou que, caso Trump seja eleito, buscará manter um vínculo estreito e de benefício mútuo com os Estados Unidos.

    A chanceler argentina, Susana Malcorra, havia dito em abril que uma vitória do republicano preocuparia o mundo devido ao perfil imprevisível do candidato.

    VENEZUELA

    Sobre a crise no Mercosul, Macri afirmou que a Venezuela não pode assumir a Presidência por não ter cumprido os termos de adesão do grupo. O governo de Nicolás Maduro tem até a próxima sexta-feira (12) para implementar todas as regras do mercado comum, como tarifas comerciais. Todos os países sabem, porém, que será impossível o país adotá-las no prazo.

    "[A Venezuela] não tem o direito de assumir essa Presidência, já que não é membro pleno [do bloco] por não ter cumprido [as regras]."

    O Mercosul está sem comando há dez dias, desde que o Uruguai deu por encerrado seu período de liderança, e a Venezuela se autoproclamou presidente -pela regra, a Presidência muda a cada seis meses, em ordem alfabética.

    Assunção, Brasília e Buenos Aires se opõem à liderança de Maduro sob a justificativa de que seu governo não respeita direitos humanos, mantendo presos políticos de oposição. Na reunião agendada para o dia 12, a Venezuela poderá ser "rebaixada" dentro do grupo.

    Macri defendeu não só que o referendo revogatório contra Maduro ocorra logo, como também que o resultado derrube o atual presidente.

    "Tenho um compromisso com os direitos humanos e o que está acontecendo [na Venezuela] é um desastre. Acredito que o governo tem que dar espaço para o referendo para que haja eleições novamente e para que os venezuelanos possam seguir um caminho de diálogo, respeito e convivência democrática."

    O presidente causou polêmica ao não responder quantas pessoas acredita que tenham sido mortas durante a última ditadura do país (1976-1983).

    Até hoje, há um debate em torno do assunto. As associações de direitos humanos afirmam que foram 30 mil. Em 2006, o governo de Cristina Kirchner apresentou uma lista com o nome de pouco mais de 8.000 vítimas.

    "Não tenho ideia [de quantos são os desaparecidos]. É um debate que não vou entrar. Já temos uma dimensão: foi o pior que nos aconteceu."

    Em relação à crise econômica de seu país, o mandatário destacou que a pobreza não está mais crescendo e que, a partir de 2017, o PIB voltará a subir. Neste ano, a economia deverá recuar 1,5%.

    Macri disse não se arrepender da forma como os reajustes dos serviços básicos (luz, gás e água) foram implementados, com altas de 500% em média, e responsabilizou o governo de sua antecessora, Cristina Kirchner, pela situação atual.

    Sob o kirchnerismo (2003-2015), o Estado arcava com subsídios para que os consumidores pagassem tarifas mais baratas desses serviços.

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