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    Venezuela e Colômbia vão reabrir fronteira comum após quase um ano

    DE SÃO PAULO

    11/08/2016 21h31

    A Venezuela e a Colômbia decidiram reabrir a fronteira entre os dois países a partir do próximo sábado (13), quase um ano depois do fechamento unilateral decretado pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

    A reabertura, que acontecerá em etapas, deverá amenizar o desabastecimento nos Estados limítrofes. Em julho, 142 mil venezuelanos cruzaram a fronteira em duas aberturas programadas para comprar alimentos na Colômbia.

    Boris Vergara/Xinhua
    Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Nicolás Maduro, se reúnem
    Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Nicolás Maduro, se reúnem

    Inicialmente, cinco pontes serão reabertas apenas para pedestres entre 6h e 21h no horário de Caracas (7h e 22h em Brasília). Ainda não há previsão de quanto tempo durará esta abertura preliminar ou quando serão permitidos veículos e o comércio.

    Todos serão submetidos ao controle de imigração. Moradores da região terão a passagem facilitada se fizerem um documento de identidade especial, a ser lançado nos próximos meses.

    A decisão foi tomada nesta quinta-feira (11) em reunião entre Maduro e o colega colombiano, Juan Manuel Santos, em Puerto Ordaz (a 740 km a leste de Caracas).

    Editoria de Arte/Folhapress

    Em entrevista coletiva, Maduro agradeceu "a boa vontade" de Santos pelos avanços em relação à fronteira. "Temos que fazer tudo o que for possível para que esta abertura tenha sucesso."

    Os dois também anunciaram a criação de um centro de combate ao tráfico de drogas, ao contrabando e aos grupos paramilitares. Os dois últimos foram os motivos alegados por Maduro para fechar a fronteira, em 19 de agosto de 2015.

    "A segurança é, sem dúvida alguma,o tema mais importante que contribuirá para que a normalização [da circulação] na fronteira possa ser resolvida", disse Santos.

    Os dois presidentes ainda discutem outras medidas para combater o contrabando. Dentre elas, a abertura de postos de gasolina da estatal venezuelana PDVSA do lado colombiano para evitar o tráfico de combustível.

    CRISE

    O fechamento foi decretado após quatro militares venezuelanos serem mortos por paramilitares colombianos em San Antonio del Táchira, onde fica o principal acesso terrestre entre os países. Três dias depois, Maduro ampliou o fechamento da ponte entre a cidade e Ureña, na Colômbia, por tempo indeterminado.

    Em seguida, decretou estado de exceção no Estado de Táchira e a expulsou mais de 20 mil colombianos, incluindo refugiados, sob a acusação de contrabando e associação com paramilitares.

    A ordem provocou uma fuga em massa. Parte dos colombianos teve casas e pertences destruídos por militares e precisou deixar o país pelo rio da fronteira para não perder o que sobrou.

    Nas semanas seguintes, o estado de exceção e o fechamento foram ampliados para os outros quatro Estados limítrofes. Em sinal de protesto, a Colômbia convocou seu embaixador em Caracas.

    A crise seria amenizada em reunião entre os dois presidentes em 21 de setembro, em Quito. Nela, foi liberada a passagem só para estudantes e grupos humanitários.

    O fechamento fez agravar a escassez na fronteira. Em junho, centenas de mulheres de Táchira cruzaram a pé o rio que separa os dois países para comprar alimentos.

    Diante da tensão social, Caracas abriu a fronteira só para pedestres em 9, 16 e 17 de julho. Nos três dias, 142 mil pessoas foram à Colômbia.

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