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    Em evento com gritos de 'Fora, Temer', Mujica defende integração latina

    MARCELO TOLEDO
    ENVIADO ESPECIAL A FRANCA (SP)

    15/08/2016 21h27

    Em um evento aberto e encerrado com gritos de "Fora, Temer", o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica defendeu nesta segunda-feira (15) a integração dos países latino-americanos como única forma de crescimento conjunto.

    A afirmação foi feita em Franca (a 400 km de São Paulo), onde Mujica participou da conferência magna da 14ª Semana de Relações Internacionais promovida pela Unesp (Universidade Estadual Paulista).

    Igor do Vale/Folhapress
    O ex-presidente do Uruguai José Mujica cumprimenta alunos da Unesp antes de palestra em Franca
    O ex-presidente do Uruguai José Mujica cumprimenta alunos da Unesp antes de palestra em Franca

    Num ginásio lotado —havia 2.700 lugares, já tomados meia hora antes do início da conferência—, o ex-presidente disse que o esforço deve ser conjunto, independentemente das posições de cada um.

    "Não há causa mais importante para os latino-americanos que a integração econômica e universitária", disse. Segundo ele, se não houver esforços de todos, "jamais" os países se desenvolverão.

    Em alguns trechos da sua fala, de 56 minutos, Mujica citou o Mercosul como exemplo de necessidade de união entre os países.

    Ele, no entanto, não falou na conferência sobre o atual imbróglio no bloco econômico, envolvendo a Venezuela e a presidência do grupo.

    Neste domingo (14), o ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou enfaticamente que a Venezuela não vai presidir o Mercosul.

    O Mercosul está sem presidente desde o dia 1º de agosto, depois que o Uruguai deixou a presidência rotativa, mas Paraguai e Brasil apresentaram resistência para que a Venezuela, presidida por Nicolás Maduro, assumisse.

    O ex-presidente uruguaio, porém, afirmou que as intransigências são comuns nas relações entre os países e precisam ser superadas.

    "Nunca teremos um mundo que não tenha conflito, que não tenha contradições. Porque nós, seres humanos, somos diferentes."

    O governo venezuelano seria o próximo a assumir a presidência do bloco, por seis meses, conforme a ordem alfabética —sequência definidas pelos países membros. Caracas já esteve à frente do bloco entre 2013 e 2014, mas agora o argumento de Brasil, Paraguai e Argentina é que o país não cumpriu todas as exigências para se tornar membro permanente do bloco até o prazo do último dia 12.

    Além de estudantes da Unesp, integrantes de movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) participaram do ato, com suas bandeiras vermelhas. Políticos de partidos de esquerda de cidades da região de Franca também estiveram na conferência.

    PROTESTO

    Após Mujica iniciar a conferência, e com o ginásio do colégio Pestalozzi já totalmente sem lugares para as pessoas sentarem, os portões foram fechados e um protesto começou do lado de fora do local.

    Dez minutos depois, os portões foram abertos e cerca de cem pessoas conseguiram entrar —se acomodaram no chão do espaço.

    Cartazes com as expressões "Temer golpista" e "Fora, Temer" eram comuns, principalmente entre os universitários. Após Mujica encerrar sua participação, os gritos contra o presidente interino foram retomados.

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