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    Caças russos usam base iraniana para bombardear território do EI na Síria

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    16/08/2016 08h41 - Atualizado às 14h58

    Decolando de uma base aérea iraniana, a Rússia bombardeou militantes na Síria durante a terça-feira (16). Foi a primeira vez em que as forças russas utilizaram uma base estrangeira, exceto as sírias, para sua campanha de ataques iniciada em setembro do ano passado.

    Não há, além disso, precedentes na história moderna do Irã para o uso de bases aéreas por uma potência externa. A Rússia atua a favor do regime de Bashar al-Assad, bombardeando forças rivais. O Irã é também um aliado do ditador sírio, porque seus interesses convergem ali.

    Mas a coordenação militar indica uma aproximação maior entre Rússia e Irã, no contexto da reformulação de alianças regionais. O presidente russo Vladimir Putin reaproximou-se, recentemente, da Turquia. Paralelamente, o chanceler iraniano visitou Ancara na sexta (12).

    Estreitando os laços com o Irã, a Rússia pode firmar-se como um dos principais mediadores para um acordo futuro que resolva a crise síria. Nesse cenário, o ditador Assad teria um importante aliado nas mesas de negociação.

    ATAQUES

    Segundo relatos, a Rússia lançou os ataques de terça a partir da base aérea iraniana de Hamadan (noroeste). Moscou forneceu a Teerã, nesse mesmo processo de aliança, mísseis de defesa aérea.

    Há cooperação também com o Iraque, que permitiu o uso de seu espaço aéreo para os bombardeios russos, desde que não haja sobrevoo acima de cidades iraquianas. Permissão semelhante foi dada à coalizão liderada pelos EUA em seus ataques contra o Estado Islâmico.

    Thaer Mohammed/AFP
    Morador de Aleppo, no norte da Síria, observa destruição causada por bombardeios aéreos nesta terça-feira (16)
    Morador de Aleppo, no norte da Síria, observa destruição causada por bombardeios aéreos nesta terça

    A Rússia bombardeou, na terça-feira, militantes do Estado Islâmico e também da milícia anteriormente conhecida como Jabhat al-Nusra. A Jabhat al-Nusra recentemente afastou-se da organização terrorista Al Qaeda, passando a ser conhecida como Jabhat Fateh al-Sham.

    Os ataques russos tinham entre seus alvos instalações militantes de apoio na região de Aleppo, onde se tem lutado uma das batalhas mais importantes desde o início do conflito sírio, em 2011.

    Aleppo era uma das principais cidades sírias antes da guerra. Há importantes ruínas arqueológicas ali, como a cidadela medieval em seu centro. Hoje, o local está dividido entre zonas controladas pelo regime de Assad e outras por rebeldes.

    A Rússia anunciou, recentemente, um cessar-fogo diário de três horas para permitir a ajuda humanitária em Aleppo. Ativistas, no entanto, afirmam não ter havido interrupção nos ataques, com constantes vítimas entre civis. Médicos locais pedem intervenção internacional pelo fim dos bombardeios.

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