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    Voto antecipado limita tempo para Trump promover virada em campanha

    PATRICK HEALY
    DO "NEW YORK TIMES"

    17/08/2016 10h56

    Assessores de Donald Trump vêm tranquilizando os republicanos, dizendo que ainda há tempo de sobra para salvar sua candidatura –que ainda restam três meses para combater a imensa operação de Hillary Clinton nos Estados-pêndulo e burilar a mensagem de Trump. A equipe do candidato republicano faria bem em checar o calendário.

    A votação na realidade vai começar em menos de seis semanas –em 23 de setembro em Minnesota e na Dakota do Sul, os primeiros de 35 Estados, além do Distrito de Columbia, em que os eleitores podem votar antes do 8 de novembro, por e-mail ou em locais de voto.

    A previsão é que o Iowa esteja pronto para iniciar a votação antecipada no final de setembro, como também o Illinois e outros dois Estados.

    No Arizona e em Ohio, dois Estados que são campos de batalha eleitorais, a votação antecipada vai começar em 12 de outubro, quase quatro semanas antes do dia da eleição. E na Carolina do Norte e na Flórida o processo terá início antes do dia das bruxas, celebrado em 31 de outubro.

    A votação antecipada tornou-se um fator crítico, até decisivo, em eleições presidenciais. Em 2012 o presidente Barack Obama conseguiu vantagem suficiente na votação antecipada no Iowa e Nevada para que sua campanha pudesse transferir seu esforço desses Estados para outros.

    A informação é de antigos assessores do presidente, que também atribuíram sua vitória na Carolina do Norte e outros Estados em 2008 à votação antecipada entusiasmada. Quase 32% dos eleitores votaram antes do dia da eleição em 2012, segundo dados de censos, contra 29,7% em 2008 e 20% em 2004.

    Com Hillary gastando fartamente para tentar dominar a votação antecipada, Trump, que nos últimos 15 dias vem criando repetidas distrações de sua própria campanha, corre o risco não apenas de ser passado para trás, mas de perder sua chance de melhorar a percepção pública a seu respeito para poder conquistar o voto de eleitores indecisos.

    "Quando se tem algo tão catastrófico quanto o que a campanha de Trump está se tornando, não restam semanas suficientes para mudar o rumo dessa campanha e há pouca capacidade de organizar com eficácia e captar uma boa parcela do voto antecipado", disse Mike Murphy, veterano estrategista republicano que trabalhou para Jeb Bush nas primárias.

    Sondagem The New York Times/CBS -

    Disputa em três dos Estados-pêndulo* mais importantes -

    Se Hillary superar Trump de longe na votação antecipada em alguns Estados-pêndulo, ela poderá transferir dinheiro e funcionários para os lugares onde a disputa é mais acirrada –como Flórida, Carolina do Norte e Ohio, a julgar pelas sondagens mais recentes–, enquanto Trump terá que se desdobrar para travar a batalha em frentes múltiplas.

    "Até 40% dos eleitores votam nos Estados onde há votação antecipada, e não é possível organizar a campanha da noite para o dia, nem mesmo em apenas algumas poucas semanas, para conquistar o apoio deles", comentou Neil Newhouse, que comandou pesquisas de intenção de voto para o republicano Mitt Romney em 2012.

    "Na verdade, se a campanha de Hillary tiver herdado o que a campanha de Obama montou, ela só pode estar muito na dianteira da campanha de Trump nessa área."

    De fato, a campanha de Hillary, na qual há vários dos nomes principais que atuaram na de Obama, vem trabalhando com autoridades de condados para assegurar que os eleitores em Estados-pêndulo tenham lugares para votar antecipadamente, organizando os eleitores ao nível de bairros e entrando em contato com os eleitores que podem não saber que, nas jurisdições que não enviam automaticamente aos eleitores os pedidos de cédulas para o voto não presencial, eles próprios precisam solicitá-las.

    Em redutos eleitorais democratas, como Cleveland, alguns aliados de Hillary estão providenciando ônibus que vão levar fiéis de igrejas para votar imediatamente depois dos serviços religiosos dominicais.

    Trump está muito atrás de Hillary nessa área. Diferentemente de Hillary, ele não vem transmitindo anúncios na televisão, que são cruciais para conseguir o engajamento de eleitores antecipados, e na maioria dos lugares conta com organizadores estaduais de graus diversos de experiência e cabos eleitorais dispersos.

    Sua campanha está pressionando o Comitê Nacional Republicano para que abra escritórios nos Estados para ajudar com a votação antecipada. Tanto Romney quanto o candidato presidencial republicano em 2008, o senador John McCain, tinham operações mais fortes em curso na mesma fase da campanha eleitoral.

    Paul Manafort, da campanha de Trump, disse que não crê que a votação antecipada coloque Trump em desvantagem. Ele se disse confiante em que a operação da campanha em campo será bem organizada e executada e que Trump acabará por atrair eleitores indecisos em número suficiente para ganhar.

    Média das pesquisas de opinião* -

    Manafort disse que os debates presidenciais serão cruciais para Trump; no passado, atuações fortes em debates levaram a um aumento de votos antecipados para o candidato visto como tendo vencido os debates. Mitt Romney teria se beneficiado dessa vantagem depois da ampla percepção de que teria superado Obama no primeiro debate entre eles.

    "Estamos organizando isto" (a votação antecipada), disse Manafort. "Temos gente muito experiente envolvida." Ele não deu maiores detalhes. Trump aponta para as plateias geralmente grandes de seus comícios e a seu entusiasmo evidente como sinais de apoio forte que vai se traduzir em votos antecipados fortes.

    Mas durante as primárias republicanas alguns admiradores de Trump em seus comícios admitiram que não eram eleitores cadastrados e não tinham planos de votar, enquanto assessores de Trump dizem que seus esforços para cadastrar eleitores têm sido relativamente modestos.

    Hillary, pelo contrário, incentiva que vai aos seus comícios a cadastrar-se para votar, encaminhando-os aos voluntários de sua campanha, carregando pranchetas, que têm formulários de cadastro para distribuir e informações sobre quando, onde e como votar.

    O estrategista democrata e consultor de mídia Bill Carrick disse: "Hillary está transmitindo informações sobre o voto antecipado, enquanto Trump não consegue ir além de soltar declarações chocantes. A ideia de que ele vai poder resolver tudo e conquistar os eleitores indecisos nos últimos 15 dias –não é mais assim que se ganham eleições. Isso não passa de fantasia."

    Tradução de CLARA ALLAIN

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