• Mundo

    Saturday, 18-May-2024 19:18:57 -03

    Montagens com menino sírio de Aleppo ganham as redes sociais

    DA AFP

    19/08/2016 09h54

    A imagem do menino sírio Omran Daqneesh, 5, vítima de um bombardeio na cidade de Aleppo, movimentou as redes sociais com montagens a partir da imagem original.

    Duas mostram Omran sentado entre os presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, uma crítica ao jogo de poderes internacionais envolvidos no conflito no país.

    Omran entre Obama e Putin

    Omran com Obama e Putin

    Em outra montagem, Omran está sentado na cadeira reservada para a Síria nas cúpulas da Liga Árabe, muitas vezes criticada por sua inação.

    Já na caricatura do sudanês Khalid Albaih, a imagem de Omran aparece ao lado da de Alan, o menino de três anos cujo corpo sem vida em uma praia comoveu o mundo em setembro de 2015 e cuja imagem se tornou símbolo da tragédia dos refugiados sírios.

    "A escolha para as crianças da Síria", foi o título dado pelo cartunista, que acrescentou "se você ficar" sob a imagem de Omran, e "se você partir" sob a de Alan.

    Cartoon Omran

    Outros internautas e partidários do ditador Bashar al-Assad compartilharam, por sua vez, imagens de crianças feridas por tiros rebeldes nos bairros de Aleppo sob controle do governo, observando que civis também morrem e são feridos deste lado.

    A foto de Omran "é uma lembrança do horror da guerra e do impacto brutal sobre as crianças", afirmou à AFP Juliette Touma, chefe da comunicação do Unicef para o Oriente Médio e África do Norte.

    desenho Omran

    PEQUENOS EM RISCO

    Na Síria em guerra, além de Omran, milhares de outras crianças vivem traumatizadas pelos ataques aéreos, mutiladas ou prestes a morrer nas cidades sitiadas.

    "O caso de Omran não é excepcional. A cada dia, tratamos dezenas de crianças que sofreram ferimentos graves", relatou Abou al-Baraa, cirurgião pediátrico na região de Aleppo.

    Em um vídeo filmado pela rede de militantes do Centro de Meios de Comunicação de Aleppo (AMC), o pequeno Omran aparece limpando seu rosto ensanguentado com a mão. Depois olha para sua mão e, sem acreditar, limpa-a em seu assento.

    Reuters
    A still image taken on August 18, 2016 from a video posted on social media said to be shot in Aleppo on August 17, 2016, shows a boy with bloodied face sitting in an ambulance, after an airstrike, Syria. Social Media ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THIS IMAGE. TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: SCR01
    Imagem do menino Omran, resgatado em Aleppo, comoveu o mundo

    Segundo o médico, "há milhares de histórias de crianças amputadas, feridas na barriga ou na cabeça" desde o início da guerra, em 2011.

    "Ontem [quinta-feira] mais sete pessoas morreram em um bombardeio em Salhine [bairro rebelde]. Uma criança foi ferida na região do peito e na cabeça. Tivemos que parar a hemorragia e fizemos uma transfusão de sangue", conta Abou Baraa.

    "Tudo em vão. Ele morreu. Ia fazer seis anos."

    Para o pediatra, a imagem chocante de Omran "não vai mudar nada".

    "O mundo olha diariamente fotos e vídeos de crianças resgatadas dos escombros, mas não faz nada. Contenta-se com belas palavras", lamenta.

    CONSCIÊNCIA

    Segundo o Unicef, um terço das crianças sírias conheceu apenas a guerra. Em um relatório divulgado em março, no início do sexto ano do conflito, a organização destacou que estas crianças "cresceram rápido demais" em um contexto de "violência, medo e desenraizamento".

    "Esta imagem deve chacolhar a consciência do mundo", insiste a chefe de comunicação da organização.

    Em Aleppo, "as crianças encontram-se na linha de fogo, porque os bombardeios visam ambulâncias, clínicas, abrigos, creches, hospitais e ruas, diz ela, afirmando que 100 mil dos 250 mil habitantes da zona leste de Aleppo são crianças.

    No total, o conflito afeta 8,4 milhões de crianças sírias, mais de 80% delas, seja na Síria ou no exílio, de acordo com o Unicef.

    "Há 6 milhões de crianças que precisam de assistência humanitária urgente em toda a Síria. E, das 600 mil pessoas que vivem em estado de sítio, metade delas são crianças", de acordo com Touma.

    A guerra também privou pelo menos 2,8 milhões de crianças na Síria e nos países de acolhimento de ir à escola, outras são forçadas a trabalhar ou se alistar nas fileiras dos beligerantes como crianças-soldados.

    Entre as meninas, muitos são forçadas a se casar cedo.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024