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    Vice dos EUA pede à Turquia paciência sobre extradição de clérigo opositor

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    24/08/2016 13h10 - Atualizado às 15h46

    O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu paciência às autoridades turcas em relação ao pedido de extradição do clérigo Fetullah Gülen, acusado pela Turquia de ter organizado a tentativa de golpe de julho passado —ele nega.

    Em declarações a jornalistas em Ancara após se reunir com o presidente Recep Tayyip Erdogan, Biden disse que os envolvidos na tentativa de golpe eram terroristas e que os EUA possuem mais advogados que trabalham sobre o pedido de extradição de Gülen do que em qualquer outro caso recente.

    Kayhan Ozer/Reuters
    O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan (à dir.), recebe o vice-presidente dos EUA, Joe Biden
    O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan (à dir.), recebe o vice-presidente dos EUA, Joe Biden

    Mais cedo, antes de encontrar Biden, Erdogan havia afirmado que diria ao vice americano que Washington não tem "nenhuma desculpa" para não extraditar Gülen.

    Após conversar com o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, Biden ressaltou que os Estados Unidos irão cooperar com a Turquia, mas que tudo deve ser feito dentro da lei.

    "Nossos especialistas jurídicos estão trabalhando neste momento com suas contrapartes turcas na produção e avaliação de evidências que precisam ser apresentadas a uma corte americana em respeito aos requerimentos de nossa lei para o tratado de extradição de Gülen", afirmou Biden.

    "Não temos nenhum, nenhum, nenhum, nenhum interesse em proteger alguém que tenha feito mal a um aliado. Nenhum", disse o americano. "Mas nós precisamos respeitar o procedimento legal."

    O governo turco já emitiu uma ordem de prisão contra Gülen, e espera que os EUA extraditem o clérigo. "Se o processo puder ser acelerado para que Gülen retorne ao nosso país para ser punido, se nossa cooperação nesse sentido continuar a crescer, então o desapontamento do povo turco nesse sentido logo dará lugar a um sentimento positivo", afirmou o primeiro-ministro Yildirim.

    "Eu compreendo o sentimento intenso que o governo e o povo da Turquia têm em relação a ele [Gülen]", afirmou Biden. "Nós estamos cooperando com as autoridades turcas."

    Ele lembrou que o presidente Barack Obama não tem autorização para extraditar alguém e que apenas um tribunal americano poderia fazer isso.

    Advogados dizem que o processo pode levar anos. Mesmo se aprovado por um juiz, um pedido de extradição ainda precisa passar pelo secretário de Estado americano, que pode considerar em sua decisão fatores não legais, como argumentos humanitários.

    Biden negou que os Estados Unidos tinham conhecimento prévio do golpe, versão levantada por Ancara nos dias seguintes à ação que deixou mais de 240 mortos.

    FRONTEIRA TURCA

    O vice americano também deu declarações de apoio à operação militar turca iniciada nesta quarta na fronteira com a Síria.

    "Nós apoiamos fortemente o que os militares turcos vem fazendo, nós temos dado cobertura aérea. Nós acreditamos firmemente que a fronteira turca deve ser controlada pela Turquia", disse Biden.

    Tanques da Turquia entraram no território sírio para abrir passagem a milícias que apoia na Síria contra o regime de Bashar al-Assad.

    A Turquia tem, no entanto, outro objetivo na região. O governo, em embate com a população de etnia curda no sudeste de seu país, preocupa-se com os avanços de milícias curdas no norte da Síria.

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