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    Vice-ministro boliviano foi morto por manifestantes, afirma governo

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    25/08/2016 19h54 - Atualizado às 00h45

    O vice-ministro do Interior boliviano, Rodolfo Illanes, foi morto por mineiros que protestam há três dias na região de Panduro, no oeste do país.

    A notícia tinha sido divulgada na noite de quinta (25) por um jornalista de uma rádio ligada aos mineiros, mas a morte só foi confirmada horas depois pelo ministro do Interior, Carlos Romero.

    "Todos os indícios indicam que o nosso vice-ministro Rodolfo Illanes foi covarde e brutalmente assassinado", disse Romero à imprensa.

    Jose Lirauze/Prensa Palacio Bolivia
    O vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, que foi morto por manifestantes nesta quinta, em foto de 2014
    O vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, morto por manifestantes nesta quinta, em foto de 2014

    Segundo o jornalista Moisés Flores, diretor da rádio Fedecomín, que disse ter visto o corpo do político, ele teria sido espancado até a morte.

    Illanes foi sequestrado na tarde de quinta pelos mineiros, que ocupavam uma estrada em protesto à prisão de dez colegas. O vice-ministro estava no local justamente para dialogar com o grupo.

    Mais cedo, ele chegou a falar à rádio local Pio 12, dizendo que não tinha sido maltratado pelo grupo e elencou as exigências feitas pelos mineiros para sua libertação.

    "Não recebi nenhum maltrato. Estou retido pelos companheiros que pediram várias coisas para poder viabilizar minha liberação", disse o vice-ministro, segundo o site boliviano Érbol.

    Uma das exigências era a saída da polícia do local. Na quarta (24), houve confrontos entre mineiros e policiais, e ao menos dois manifestantes morreram.

    Antes disso, Romero havia dito a jornalistas que Illanes fora "sequestrado" por manifestantes que estariam ameaçando "começar a torturá-lo".

    Um dirigente do setor, Agustín Choque, citado pela rádio Compañera, respondeu que o vice-ministro não estava sequestrado, mas "apenas retido".

    EXIGÊNCIAS

    Os mineiros, que estão agrupados em cooperativas privadas, tomaram as estradas na segunda-feira (22), exigindo a libertação de dez detidos sob acusação de atentar contra a vida de policiais e contra bens do Estado.

    A acusação remete a confrontos esporádicos ocorridos no início de agosto.

    Eles também queriam negociar diretamente com o presidente Evo Morales, seu aliado político, um documento setorial rejeitado de antemão pelo governo.

    Segundo Romero, os mineiros do setor cooperativo pressionam para alugar suas concessões mineradoras para empresas privadas, ou estrangeiras, uma ação proibida pela Constituição.

    Nos últimos dias, foram registrados confrontos em Sayari, Cochabamba (centro), e as estradas estão cheias de pedras e escombros.

    A possibilidade de iniciar negociações, abertas por gestões da Defensoria do Povo, havia fracassado nesta quinta, devido às baixas na categoria.

    Com a morte do vice-ministro, o clima de tensão se acirra ainda mais.

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