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    Coreia do Norte lança 'Netflix' para vídeos de propaganda do regime

    PATRICK BOEHLER
    CHOE SANG HUN
    DO "NEW YORK TIMES", EM HONG KONG

    29/08/2016 07h00

    Dias antes que o líder norte-coreano Kim Jong-un ordenasse o teste bem sucedido de um míssil balístico que, segundo ele, é capaz de atingir algumas áreas da porção continental dos Estados Unidos, seu regime recluso revelou outro triunfo técnico: um serviço de streaming de vídeo semelhante ao Netflix.

    Chamado Manbang, o serviço exibe vídeos on-demand por meio de um decodificador conectado ao televisor, informou a emissora Central da Coreia em uma reportagem na semana passada.

    Na reportagem, o narrador afirma que o Manbang é nova prova do "poder cultural socialista" da Coreia do Norte, que permitirá que seu povo assista ao país "dando um salto à frente a cada dia, a cada hora".

    Poucos dos cerca de 25 milhões de cidadãos da Coreia do Norte têm permissão de acesso à internet real. O conteúdo que pode ser acessado no serviço de vídeo fica em geral restrito à TV estatal e a filmes repletos de propaganda.

    De acordo com a reportagem, além de noticiários e de atualizações sobre as atividades diárias de Kim, o Manbang também oferece cursos de idiomas, inglês e russo.

    O Manbang "está elevando a vida cultural das pessoas ao permitir que assistam ao que desejam sempre que quiserem", disse um homem identificado como Ju Dae-hyun, funcionário do serviço norte-coreano de telecomunicações na cidade de Sinuiju, perto da fronteira com a China, na reportagem.

    E Kim Kum-hee, professora de um jardim de infância em Sariwon, disse que o serviço de vídeo on-demand do Manbang resolvia uma dor de cabeça: as crianças que desejam assistir a longas sessões de seus filmes favoritos. "Agora elas ficam grudadas à tela da TV por muitas horas do dia."

    A ideologia que impera na Coreia do Norte, conhecida por Juche, apela por autossuficiência em todas as áreas. Com base nesse espírito, o país também anunciou ter desenvolvido seu sistema operacional de computação, o Estrela Vermelha, que parece imitar o Mac OS X da Apple.

    O país também anunciou ter desenvolvido tablets, entre os quais o Samjiyon, baseado no Android, de acordo com o North Korea Tech, site que acompanha os avanços do país.

    Os norte-coreanos dependem de eletrônicos contrabandeados para assistir a veículos de mídia estrangeiros, de acordo com informações provenientes do país. O governo está tentando cercear o uso do Notetel, um pequeno media player fabricado na China que pode ler DVDs contrabandeados ou pen drives USB, disse a rádio Free Asia.

    A Netflix, que iniciou um agressivo plano mundial de expansão neste ano, está de olho em seu mais recente competidor. Na quinta-feira (25), sua conta no Twitter descrevia o serviço rival como "Manbang, uma cópia".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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