O Estado Islâmico (EI) anunciou nesta terça-feira (30) em um comunicado ao seus colaboradores que seu porta-voz, Abu Muhammad al-Adnani, 39, um dos líderes mais antigos e mais conhecidos da facção terrorista, foi morto em Aleppo, no norte da Síria.

Além de principal propagandista da facção, acredita-se que Adnani era o líder de operações do grupo e seria responsável por recrutar membros ao redor do mundo e instigá-los a realizar ataques em cidades como Paris e Bruxelas. Ele era um dos últimos fundadores do grupo vivo, ao lado do autointitulado califa da facção, Abu Bakr al-Baghdadi

Um oficial antiterrorismo americano que monitora o Estado Islâmico afirmou à Reuters que a morte de Adnani é um golpe na facção "na área em que mais nos preocupa".

"Com a perda de mais e mais territórios do seu califado e de sua base financeira, o Estado Islâmico se concentra em orquestrar e inspirar ataques terroristas na Europa, no sudeste asiático e em outras regiões", afirmou o oficial.

Para ele, o papel de Adnani como chefe de propaganda e diretor de operações externas se tornou "indistinguível" porque a facção usava suas mensagens na internet para recrutar membros e para dar instruções e inspiração para novos ataques.

Adnani nasceu na cidade de Idlib, no sudoeste de Aleppo. Ele tem sido o principal rosto do grupo islâmico ultra radical desde que declarou, em junho de 2014, o estabelecimento de um califado abrangendo grandes áreas de território que haviam sido tomadas no Iraque e na Síria.

Foi por ele, por exemplo, que o Estado Islâmico mandou mensagens em maio deste ano ordenando ataques contra os Estados Unidos e Europa durante o Ramadã.

Segundo comunicado, Adnani foi morto "enquanto supervisionava operações para repelir campanhas militares em Aleppo". O Estado Islâmico controla territórios na província de Aleppo, mas não a cidade, onde rebeldes combatem o governo sírio. O comunicado não detalha como o líder terrorista foi morto.

Avanços recentes das Forças Democráticas Sírias, uma aliança de milícias curdas e árabes apoiadas pelos Estados Unidos, e de rebeldes sírios apoiados pela Turquia em áreas controladas pelo Estado Islâmico na região de Aleppo conseguiram afastar o grupo terrorista da fronteira com a Turquia e quebrar linhas de abastecimento da facção terrorista.

O governo iraquiano afirmou em janeiro que Adnani havia sido ferido em um ataque aéreo na província de Anbar. Em seguida, o terrorista teria ido para a cidade de Mosul, a capital do Estado islâmico no Iraque.