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    Na China, Serra evita confronto com Uruguai sobre impeachment

    JOHANNA NUBLAT
    ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

    02/09/2016 04h26

    O chanceler brasileiro, José Serra, evitou entrar em confronto com o governo uruguaio, que classificou como uma "profunda injustiça" a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff.

    "Nós temos um encontro do presidente do Uruguai com o presidente Michel Temer em Nova York, na Assembleia da ONU, foi sugerido pelo governo uruguaio. Então, vamos ter oportunidade de conversar, esclarecer. O Uruguai é um país que tem uma tradição democrática importante. E temos todo o gosto de analisar as questões com eles num nível elevado e de mútuo entendimento", disse Serra pouco após chegar a Xangai, nesta sexta-feira (2).

    Minoru Iwasaki/Reuters
    O chanceler brasileiro José Serra (à esq.), o presidente Michel Temer e o presidente chinês, Xi Jinping
    O chanceler brasileiro José Serra (à esq.), o presidente Michel Temer e o presidente chinês, Xi Jinping

    Serra acompanha o presidente Temer, em viagem à China para participação na cúpula do G-20, em Hangzhou, entre domingo (4) e segunda-feira (5).

    Nesta quinta (1º), o Ministério das Relações Exteriores do Uruguai publicou uma nota sobre a finalização do processo do impeachment no Brasil. Nela, elogia o papel de Dilma, "eleita legitimamente pelo povo brasileiro", no fortalecimento das relações bilaterais e termina dizendo que "apesar dos argumentos de legalidade, o governo uruguaio considera uma profunda injustiça a destituição".

    Se poupou críticas ao Uruguai, Serra não fez o mesmo com outros países vizinhos.

    "Tenho certeza que as nossas relações com o Uruguai irão da melhor forma, já não tenho [certeza] com relação à Venezuela ou mesmo devido às posições adotadas pelo Equador e Bolívia, que representam um tiro no pé deles mesmos, e espero que eles tenham maturidade para, inclusive, aprender com a experiência democrática brasileira", disse o chanceler brasileiro.

    Após a votação do impeachment, na quarta (31), Venezuela e Equador anunciaram, em protesto, a retirada de seus embaixadores no Brasil, e a Bolívia convocou seu diplomata para consulta.

    Questionado sobre se a retirada dos embaixadores poderia impactar na já problemática Presidência do Mercosul, Serra disse que de forma alguma. "A Bolívia não é do Mercosul. O Mercosul é Paraguai, Brasil, Uruguai e a Argentina. E a Venezuela, que é um faz de conta, só isso."

    O ministro afirmou que não tem a intenção, em suas conversas com a comunidade internacional, de buscar acordos bilaterais em detrimento do Mercosul. "Vamos tomar iniciativas que procurem também carregar o Mercosul, como queremos que os parceiros do Mercosul também façam."

    Na viagem com o presidente, Serra está diretamente acompanhado de seu chefe de gabinete e outros quatro assessores próximos —não incluídos os demais diplomatas brasileiros que compõem a viagem presidencial.

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