• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 10:09:38 -03

    'Rio de sangue' na Sibéria faz parte de área morta cinco vezes maior que SP

    ANDREW E. KRAMER
    DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU

    09/09/2016 07h00

    Liza Udilova/Greenpeace/AFP
    Cor avermelhada domina o rio Daldykan em Norilsk, na Sibéria, que abriga uma grande mina de cobre
    Cor avermelhada domina o rio Daldykan em Norilsk, na Sibéria, que abriga uma grande mina de cobre

    Um rio no extremo norte da Sibéria ficou vermelho vivo nesta semana, e na ausência de alguma explicação oficial, os russos passaram a chamar o estranho curso de água de "rio de sangue".

    Um indício para uma possível causa é o caminho que o rio, o Daldykan, faz, ao longo da mina Norilsk Nickel e da metalúrgica, de acordo com muitos parâmetros um dos empreendimentos mais poluentes do mundo.

    A fábrica expele tanto dióxido de enxofre produtor de chuva ácida —2 milhões de toneladas por ano, mais do que toda a França— que é cercada por uma zona morta de troncos de árvores e lama, correspondente a cerca de cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

    As fundições de metal nesse Klondike russo produzem grandes quantidades de cobre, um quinto do níquel mundial, uma liga de aço inoxidável importante e metade da oferta mundial de paládio, um metal precioso quase tão valioso como a platina.

    O minério também contém ferro, mas esse elemento avermelhado é muito menos valioso do que os metais preciosos extraídos junto com ele, e é geralmente descartado em lagoas de lama.

    Essa é a fonte mais provável da descoloração no "rio de sangue", de acordo com grupos ambientais e autoridades ambientais russas, e a tonalidade vermelha seria proveniente do óxido de ferro, ou ferrugem.

    Essa conclusão foi oficializada na quarta-feira quando o Ministério dos Recursos Naturais divulgou uma declaração em que dizia que as "informações preliminares para uma possível causa da contaminação é a ruptura de um tubo em Norilsk Nickel".

    Se for assim, embora sem dúvida chocante, a água quase iridescente seria praticamente inofensiva para as pessoas, disse Vladimir Chuprov, pesquisador do Greenpeace na Rússia. Mas as altas concentrações de elementos podem matar os peixes.

    A cor vermelha também pode ser, assim, uma espécie de faixa, já que a pasta de ferro parece tender a ser acompanhada por metais pesados criados pelas fundições da Norilsk, o que poderia danificar o frágil meio ambiente do Ártico, disse Chuprov.

    O presidente Vladimir Putin "prometeu que o desenvolvimento industrial no Ártico avançaria com o máximo cuidado", disse Chuprov em uma entrevista por telefone. "Infelizmente, essas palavras são apenas uma formalidade."

    Autoridades da fábrica disseram às agências de notícias estatais da Rússia que tinham reduzido a produção em uma fundição como medida de precaução, mas que não encontraram nenhum vazamento. Na verdade, segundo a empresa, "pelo que sabemos, a cor do rio hoje não é diferente da habitual."

    Tradução de DENISE MOTA

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024