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    Saúde de Hillary alimenta debate político nos EUA; veja vídeo

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    12/09/2016 22h17

    A saúde de um candidato é assunto de Estado? Em 1996, o então ocupante da Casa Branca, Bill Clinton (1993-2001), achava que sim: "O público tem o direito de saber a condição de seu presidente".

    Passados 20 anos, sua mulher, a presidenciável Hillary Clinton, teve um acesso de tosse em evento no Dia do Trabalho americano (5/9) e se saiu com tirada contra o rival republicano: "Toda vez que penso em [Donald] Trump, tenho alergia".

    Na sexta (9), o diagnóstico real: pneumonia. A informação só veio à tona dois dias depois, após a democrata passar mal em cerimônia que marcou os 15 anos dos atentados do 11 de Setembro.

    A pneumonia é uma infecção pulmonar que, em 2014, com a gripe, foi a oitava causa de morte nos EUA. Não está clara a gravidade do quadro de Hillary. Ela cancelou parte da agenda, mas na sexta foi a dois eventos, teve reunião de duas horas e deu longa entrevista à CNN.

    As sequelas políticas, porém, são uma preocupação em seu QG, que promete liberar o histórico médico da candidata em breve.

    Nesta segunda, a candidata falou à CNN que não imaginava que o assunto teria tamanha repercussão e que retomará a campanha nos próximos dias. "É o tipo de coisa que, se acontece a você e você é uma pessoa ocupada e ativa, você segue em frente", disse.

    Ex-estrategista do presidente Barack Obama, David Axelroad fez a autocrítica partidária ao reprovar o "nada saudável gosto por privacidade" da democrata, que já disse ter usado e-mail privado quando era secretária de Estado –seu escândalo mais persistente– para se resguardar. "Antibióticos podem cuidar da pneumonia. Mas qual é a cura para isso, que cria problemas desnecessários?"

    "Tudo isso fortalece a percepção de que Hillary não tem sido totalmente transparente sobre sua saúde, e em outras coisas também", diz o cientista político John Green, da Universidade de Akron (Ohio), à Folha. Sete em dez americanos a veem como desonesta, segundo pesquisas.

    E há a implicação prática: "Se estiver seriamente doente, o eleitor pode hesitar".

    MENSAGEM

    Nessas horas saúde é, sim, o que interessa, e os marqueteiros parecem cientes disso.

    Projeto de geração saúde, Obama deixou-se fotografar jogando basquete com agentes do serviço secreto no dia da eleição, e George W. Bush era frequentemente visto usando sua mountain bike.

    A memória de Ronald Reagan começou a se deteriorar no segundo mandato (1985-89), quando esquecia nomes de assessores –o diagnóstico de Alzheimer só veio em 1994. John Kennedy tomava em privado um arsenal de remédios para males crônicos.

    A eleição de 2016 tem uma peculiaridade. Trump, 70, seria o mandatário mais velho dos EUA, e Hillary, 68, só perderia para Reagan, quase septuagenário ao tomar posse.

    A idade levanta dúvidas sobre a condição física da dupla. Os dois divulgaram breves relatórios médicos em 2015. Uma carta de duas páginas atestava que Hillary sofria de hipotireoidismo, alergias e usava afinadores de sangue para evitar coágulos (ela apresentou um em 2012).

    É breve, mas oferece mais detalhes do que a de Trump.

    "Se eleito, ele será o presidente mais saudável da história", dizia seu médico, criticado pela informalidade. Harold Bornstein, que acompanha republicanos há 35 anos, depois confessou que escreveu os quatro parágrafos em cinco minutos –uma limusine do empresário esperava para levar o atestado.

    Trump evitou explorar o episódio do fim de semana e desejou melhoras à adversária. Seus aliados, contudo, já alimentavam boatos sobre a debilidade da oponente.

    "Procure na internet: Hillary e doença", aconselhou em agosto o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani.

    Blogueiros e radialistas conservadores adeptos de conspirações discutem há tempos a saúde da candidata. A teoria predileta: ela não teria se recuperado do coágulo na cabeça, e a suposta prova seria um vídeo em que ri e balança a cabeça exageradamente: "Convulsão, claro!".

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