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    Estudante saudita propõe criação de 'emojis' com véu islâmico

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    15/09/2016 11h44

    Na lista de "emojis" disponíveis no WhatsApp, aquelas figurinhas enviadas nas mensagens, há diversas mulheres. Com coroa, vestida de noiva, dançando, cortando o cabelo e pintando a unha.

    Mas a estudante saudita Rayouf Alhumedhi, 15, não se enxergava ali. Ela queria representar-se como se vê no espelho: vestindo um véu.

    Alhumedhi pede agora a criação do símbolo de uma mulher cobrindo o cabelo. A proposta foi acolhida pelo Unicode Consortium, que cuida da criação dessas figuras, e tem o apoio de atores de peso nas redes sociais.

    Divulgação
    Proposta de "emojis" vestindo o véu islâmico
    Proposta de "emojis" vestindo o véu islâmico

    Os "emojis" são uma ferramenta popular na comunicação entre jovens, que por vezes se comunicam só com essas imagens. O dicionário de Oxford incluiu um rosto chorando de alegria como a "palavra do ano" de 2015.

    Mas essa linguagem enfrenta o desafio de como representar a variedade de seus usuários, seja pela cor da pele ou por seu gênero.

    Jennifer Lee, que trabalha no comitê de "emojis" do Unicode Consortium, é uma das entusiastas da proposta de Alhumedhi. Ela ajudou a jovem saudita, que mora em Berlim, a formatar a ideia.

    "As pessoas querem se ver representadas. Um ruivo, por exemplo, ou alguém que não se identifique com um gênero específico", diz à Folha.

    "Serem representados é uma maneira de eles sentirem que existem, que são importantes", afirma.

    O caso do véu islâmico é especialmente delicado. Essa vestimenta é criticada em países como a França, que recentemente baniu o "burquíni" (traje de banho que cobre corpo e cabelo).

    Para críticos, o véu é símbolo da opressão da mulher no islã e deve ser proibido.

    ESPAÇO

    Alhumedhi usa o véu desde os 13 anos de idade. Segundo o texto de sua proposta, consultado pela reportagem, "ela interessou-se pelos 'emojis' depois de tentar encontrar uma imagem que lhe representasse e a seus amigos no teclado do iPhone".

    Millhões de mulheres muçulmanas se orgulham de usar o véu, diz o texto, "mas não há um único espaço no teclado reservado a elas".

    A jovem aponta, além disso, que há um símbolo para um homem com turbante.

    O processo para que um "emoji" seja de fato implementado, porém, é longo. Depende das discussões no comitê, e também que empresas desenvolvam as figuras. A mulher com véu pode aparecer nos smartphones apenas no fim de 2017.

    Mas a proposta de Alhumedhi tem um padrinho importante, Alexis Ohanian, co-fundador do Reddit (rede social de discussões), e o apoio técnico necessário para desenvolver o código.

    "Ela está entre os jovens de 15 anos mais impressionantes que já conheci", Ohanian escreveu em seu perfil oficial no Facebook. "Os 'emojis' podem não parecer grande coisa, mas é mais uma maneira para que muitas pessoas se sintam reconhecidas e representadas."

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