George Etheredge/The New York Times | ||
A Marble Collegiate Church, em Nova York, igreja que Donald Trump frequentou e onde se casou |
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Mundo
Sunday, 19-May-2024 11:47:18 -03Autor de sucesso de autoajuda, pastor é referência evangélica de Trump
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE NOVA YORK18/09/2016 02h14
Se alguém perguntar o livro predileto de Donald Trump, ele responderá: a Bíblia. Em segundo lugar virá "A Arte da Negociação", autoajuda corporativa que lançou em 1987.
Depois de Deus e si mesmo, o presidenciável republicano tem uma terceira referência literária na ponta da língua: o pastor Norman Vincent Peale, "um dos melhores oradores que já conheci".
Uma folheada rápida em "O Poder do Pensamento Positivo", best-seller de 1952 que perdurou por 186 semanas na lista de mais vendidos do "New York Times", basta para entender por que o autor exerce tanto fascínio em Trump. O livro começa recomendando: "Acredite em si mesmo! Tenha fé em suas habilidades!".
Desde criança, o republicano que já disse "quase nunca perder" foi exposto à oratória de Peale, conhecido como "o vendedor de Deus".
Aos domingos, Fred e Mary Trump costumavam levar o filho Donald à igreja, uma das mais antigas congregações protestantes dos EUA (fundada em 1628) e onde Peale ministrou por 52 anos.
Jack Manning/The New York Times O pastor Norman Vincent Peale, autor do best-seller 'O Poder do Pensamento Positivo', em NY, em 1988 Na Marble Collegiate Church, na ilha de Manhattan (Nova York), Trump se casou, em 1977, com a ex-modelo tcheca Ivana Trump. Também lá conheceu sua segunda mulher, a atriz Marla Maples, com quem traiu a primeira -ao menos foi a versão de seu relações-públicas à época, estampada no tabloide "New York Post" em letras garrafais: "ELES SE CONHECERAM NA IGREJA".
Na congregação de Peale ocorreu também, em 1999, o funeral de Fred Trump, empresário do setor imobiliário, posto que o filho seguiria.
Peale morreu seis anos antes, aos 95, mas sua influência sobre Trump persiste. É ele o líder religioso mais citado pelo bilionário, batizado presbiteriano (outro galho do protestantismo).
Casado três vezes, empresário de cassinos e com tiradas pouco cristãs sobre mulheres e deficientes, Trump foi visto como o menos crédulo entre os pré-candidatos à Casa Branca, num país onde 70% da população reverencia Jesus Cristo.
É o que mostra sondagem de janeiro do Centro de Pesquisa Pew, na qual ele ficou atrás de todos os republicanos e também dos democratas Hillary Clinton e Bernie Sanders: só 30% o achavam "muito ou algo religioso".
Trump, contudo, ganhou o apoio de religiosos influentes, como o presidente da universidade evangélica Liberty, e republicanos costumam levar a melhor no voto protestante -o democrata Barack Obama perdeu para John McCain (por nove pontos, em 2008) e Mitt Romney (15 pontos, em 2012) no grupo.
Para Mark Valeri, professor de religião da Universidade de Washington, o empresário cativa essa audiência em parte porque "agora tem 70 anos e família estável, a imagem de playboy é um passado distante".
Mas evangélicos conservadores têm interesse, diz Valeri à Folha, em não fazer um escarcéu sobre a moral pessoal do candidato, que compensaria com "seu desdém pela atual Suprema Corte", que se posicionou pró-aborto e casamento gay.
Ozier Muhammad/The New York Times) O pastor Arthur Caliandro na Marble Collegiate Church, que ele dirige desde a morte de Norman Peale HUMILDADE
Peale foi próximo da família de um presidente, o republicano Richard Nixon. Já o democrata John Kennedy era um mal a ser combatido -em 1960, Peale assinou um manifesto questionando se um católico poderia respeitar a separação entre Estado e igreja.
Gostava de Trump, que julgava ter "um profundo traço de humildade". O empresário, por sua vez, afirmou que o pastor o via "como o melhor estudante de todos os tempos". Hoje, o bilionário se descreve como "uma pessoa da igreja aos domingos".
O Poder Do Pensamento Positivo Norman Vicent Peale Comprar O atual pastor sênior da Marble, Michael Brown, afirma que o candidato republicano não é mais um "membro ativo" da congregação. Inclusiva, com folhetos para a comunidade LGBT, a igreja não discrimina candidato x ou y, diz Brown. "Aqui é a casa do pensamento positivo."
Ao "Washington Post", John Peale, 79, filho do pastor preferido de Trump, é menos diplomático. "Eu tremo", disse ele, sobre sua reação quando o presidenciável evoca o nome do pai. "Não respeito muito o sr. Trump. Não o levo muito a sério. Ressinto a publicidade pela sua conexão. É um problema para a família Peale."
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