O SPD (Partido Social-Democrata) venceu as eleições regionais de Berlim com 22,4% dos votos, de acordo com estimativas divulgadas pelo canal ZDF na noite deste domingo (18).

A conservadora CDU (União Democrata Cristã), da chanceler Angela Merkel, chegou em segundo lugar, com 18%. O desempenho é mais um revés da CDU nas urnas, pois no pleito anterior, em 2011, o partido havia conquistado 23,3% dos votos.

	Steffi Loos/AFP
	Frank Henkel, candidato da CDU (União Cristã Democrata) nas eleições regionais de Berlim

Embora o SPD tenha vencido o pleito, o partido perdeu 6,6 pontos percentuais em relação à última eleição, em 2011.

Os partidos Verdes e A Esquerda tiveram, respectivamente, 15,9% e 15,7% dos votos. Já a AfD (Alternativa para a Alemanha) teve 12,9%.

Os ganhos da AfD, de extrema-direita, são interpretados como um sucesso de sua campanha baseada na rejeição aos refugiados. Com Berlim, esse partido estará presente agora em 10 das 16 assembleias regionais alemãs.

Beatrix von Storch, vice-líder do partido, comemorou: "Tivemos um ótimo resultado. A AfD chegou à capital alemã". Antes do pleito, Michael Müller, prefeito de Berlim, havia afirmado que uma boa atuação da sigla nas eleições "seria vista ao redor do mundo como um sinal do retorno da direita e dos nazistas na Alemanha".

Müller, do SPD, governa Berlim desde dezembro de 2014.

A política de Merkel de receber mais de 1 milhão de pessoas buscando asilo, no ano passado, teve impacto negativo para a CDU. Com sucessivas derrotas, aumenta a pressão por uma nova estratégia.

POPULARIDADE

Há duas semanas, a CDU também teve um desempenho ruim nas eleições em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Ainda que a popularidade da chanceler siga alta, os índices caíram recentemente, e esses resultados podem indicar dificuldades às pretensões políticas de Merkel para as eleições de 2017.

Há risco de que seu próprio partido se oponha a ela. Segundo o semanal "Die Zeit", parlamentares ameaçam se rebelar caso ela não mude sua política nesta semana.

Aliados pedem, por exemplo, que Merkel introduza um limite de entrada de 200 mil refugiados por ano. A premiê, por sua vez, insiste em sua política em relação aos refugiados, e afirma que não estabelecerá um limite à migração.

O SPD governa Berlim em coalizão com a CDU. Com os resultados deste domingo, a aliança pode ser trocada pela união entre o SPD e os partidos Verdes e A Esquerda.

Müller, atual prefeito da cidade, havia prometido em sua campanha investir em serviços públicos e habitação. Esses foram temas que, segundo pesquisas realizadas após o pleito, motivaram o voto, além da crise dos refugiados.