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    Venezuela reabre fronteira com Colômbia para transporte de carga

    DA AFP

    23/09/2016 19h23

    Cerca de um mês após anunciarem a reabertura da fronteira entre os dois países para pedestres, Venezuela e Colômbia reativaram nesta sexta-feira (23) a passagem de veículos de carga na divisa.

    A medida, depois de 13 meses do fechamento da fronteira, deve aliviar a grave crise de desabastecimento que enfrentam os venezuelanos.

    Carlos Eduardo Ramirez/Reuters
    Policial colombiano e milhares de venezuelanos na fronteira entre os países em Cucuta, na Colômbia
    Policial colombiano e milhares de venezuelanos na fronteira entre os países em Cúcuta, na Colômbia

    O tráfego será permitido na ponte Simón Bolívar, que liga a venezuelana San Antonio del Táchira à colombiana Cúcuta, a partir das 20h (horário local) e durante quatro horas, de segunda a sexta-feira.

    "O fechamento da fronteira afetou o nosso acesso a produtos de primeira necessidade, que pela escassez e baixa produtividade da indústria venezuelana devíamos comprar na Colômbia", disse à agência France Presse o comerciante venezuelano Julio Gómez, 51, morador da vizinha San Cristóbal, também no Estado de Táchira.

    Ele espera ainda que a reativação do tráfego contribua para melhorar a disponibilidade de medicamentos. Segundo Gómez, moradores acabam nas mãos de especuladores, que os vendem remédios "com 1.000% de sobrepreço em relação ao valor de mercado".

    "Espero que em breve também seja reaberto o tráfego de carros particulares, para que todos sejam beneficiados e não apenas um grupo", afirmou o comerciante.

    Pablo Chacón, 44, motorista em uma empresa de transporte de carga, diz que espera que "lhe devolvam o trabalho". Ele conta que diversos colegas tiveram que vender pertences para sobreviver durante os 13 meses em que a fronteira esteve fechada.

    O governador de Táchira, José Vielma Mora, anunciou nesta sexta compras massivas de alimentos na Colômbia. Segundo ele, será comprado arroz colombiano para ser debulhado na Venezuela.

    CRISE

    O fechamento da fronteira de 2.219 km entre os dois países foi decretado em 19 de agosto de 2015, após quatro militares venezuelanos serem mortos por paramilitares colombianos em San Antonio del Táchira, principal acesso terrestre entre os países.

    Três dias depois, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ampliou o fechamento da ponte entre a cidade e Ureña, na Colômbia, por tempo indeterminado.

    Em seguida, decretou estado de exceção no Estado de Táchira e a expulsou mais de 20 mil colombianos, incluindo refugiados, sob a acusação de contrabando e associação com paramilitares.

    A ordem provocou uma fuga em massa. Parte dos colombianos teve casas e pertences destruídos por militares e precisou deixar o país pelo rio da fronteira para não perder o que sobrou.

    Nas semanas seguintes, o estado de exceção e o fechamento foram ampliados para os outros quatro Estados limítrofes. Em sinal de protesto, a Colômbia convocou seu embaixador em Caracas.

    A crise seria amenizada em reunião entre os dois presidentes em 21 de setembro, em Quito. Nela, foi liberada a passagem só para estudantes e grupos humanitários.

    O fechamento fez agravar a escassez na fronteira. Em junho, centenas de mulheres de Táchira cruzaram a pé o rio que separa os dois países para comprar alimentos.

    Diante da tensão social, Caracas abriu a fronteira só para pedestres em 9, 16 e 17 de julho. Nos três dias, 142 mil pessoas foram à Colômbia.

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