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Senador chileno Juan Pablo, filho de Letelier, fala em cerimônia com familiares em Washington, EUA |
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Mundo
Thursday, 02-May-2024 18:46:13 -03Documentos da CIA provam ordens de Pinochet em atentado em Washington
LUCIANA DYNIEWICZ
DE BUENOS AIRES24/09/2016 02h00
Documentos divulgados nesta sexta-feira (23) pelo governo de Barack Obama mostram detalhes de como o ditador Augusto Pinochet (1915-2006) ordenou pessoalmente a morte do diplomata e ativista chileno Orlando Letelier.
O atentado que matou Letelier, ocorrido em Washington, nos Estados Unidos, completou 40 anos nesta semana.
Na cerimônia para homenagear o diplomata, os documentos —até então secretos— foram entregues à sua família e à presidente chilena, Michelle Bachelet. Parte dos relatórios da CIA, porém, contêm tarjas que não permitem ler todo o conteúdo.
Segundo um documento de 1987, a CIA encontrou evidências de que Pinochet pediu para o ex-chefe do departamento de inteligência chileno Manuel Contreras providenciar a morte de Letelier.
O ditador também tentou encobrir o caso para se manter na Presidência e pressionou diretamente a Corte Suprema para impedir a extradição para os Estados Unidos de Contreras e de outros oficias envolvidos na morte.
Na tentativa de proteger o chefe de inteligência, Pinochet chegou a mudar o presidente do tribunal de última instância do Judiciário e pediu para que uma decisão judicial fosse revista, impedindo que ficassem abertas brechas que permitissem a extradição, afirma um dos relatórios divulgados.
Depois do atentado, o governo americano passou a pressionar duramente o de Pinochet para que os responsáveis pelo crime fossem entregues e para que se respeitassem os direitos humanos.
O chileno e sua assistente Ronni Moffit, uma americana de 25 anos, morreram após a explosão de uma bomba que foi colocada no carro do diplomata. O marido de Moffit saiu ferido.
Letelier havia sido embaixador nos Estados Unidos e ocupava o cargo de ministro da Defesa quando o golpe militar derrubou Salvador Allende, em 1973. Deposto, voltou aos EUA, onde denunciou violações de direitos humanos pelo governo ditatorial.
"Sua voz era extremamente prejudicial a Pinochet. Letelier era considerado um socialista democrático e moderado e, por isso, muito escutado em Washington", diz Olga Ulianova, da Universidade de Santiago do Chile.
Segundo a historiadora, os papéis desclassificados nesta semana não mudam o panorama geral da história do atentado, mas acrescentam detalhes que reforçam a responsabilidade de Pinochet.
Os primeiros papeis que revelavam a ligação do ditador com o assassinato haviam sido liberados em 2015.
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