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    Documentos da CIA provam ordens de Pinochet em atentado em Washington

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    24/09/2016 02h00

    Andrew Harnik/Associated Press
    Chile Sen. Juan Pablo Letelier, accompanied by family members, speaks a memorial service on Sheridan Circle in Washington, Friday, Sept. 23, 2016, for the late former Chilean Ambassador to the U.S. Orlando Leterier?. Leterier was assassinated by a car bomb explosion on September 21, 1976, in Sheridan Circle in Washington. (AP Photo/Andrew Harnik) ORG XMIT: DCAH110
    Senador chileno Juan Pablo, filho de Letelier, fala em cerimônia com familiares em Washington, EUA

    Documentos divulgados nesta sexta-feira (23) pelo governo de Barack Obama mostram detalhes de como o ditador Augusto Pinochet (1915-2006) ordenou pessoalmente a morte do diplomata e ativista chileno Orlando Letelier.

    O atentado que matou Letelier, ocorrido em Washington, nos Estados Unidos, completou 40 anos nesta semana.

    Na cerimônia para homenagear o diplomata, os documentos —até então secretos— foram entregues à sua família e à presidente chilena, Michelle Bachelet. Parte dos relatórios da CIA, porém, contêm tarjas que não permitem ler todo o conteúdo.

    Segundo um documento de 1987, a CIA encontrou evidências de que Pinochet pediu para o ex-chefe do departamento de inteligência chileno Manuel Contreras providenciar a morte de Letelier.

    O ditador também tentou encobrir o caso para se manter na Presidência e pressionou diretamente a Corte Suprema para impedir a extradição para os Estados Unidos de Contreras e de outros oficias envolvidos na morte.

    Na tentativa de proteger o chefe de inteligência, Pinochet chegou a mudar o presidente do tribunal de última instância do Judiciário e pediu para que uma decisão judicial fosse revista, impedindo que ficassem abertas brechas que permitissem a extradição, afirma um dos relatórios divulgados.

    Depois do atentado, o governo americano passou a pressionar duramente o de Pinochet para que os responsáveis pelo crime fossem entregues e para que se respeitassem os direitos humanos.

    O chileno e sua assistente Ronni Moffit, uma americana de 25 anos, morreram após a explosão de uma bomba que foi colocada no carro do diplomata. O marido de Moffit saiu ferido.

    Letelier havia sido embaixador nos Estados Unidos e ocupava o cargo de ministro da Defesa quando o golpe militar derrubou Salvador Allende, em 1973. Deposto, voltou aos EUA, onde denunciou violações de direitos humanos pelo governo ditatorial.

    "Sua voz era extremamente prejudicial a Pinochet. Letelier era considerado um socialista democrático e moderado e, por isso, muito escutado em Washington", diz Olga Ulianova, da Universidade de Santiago do Chile.

    Segundo a historiadora, os papéis desclassificados nesta semana não mudam o panorama geral da história do atentado, mas acrescentam detalhes que reforçam a responsabilidade de Pinochet.

    Os primeiros papeis que revelavam a ligação do ditador com o assassinato haviam sido liberados em 2015.

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