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    Plebiscito britânico

    Jeremy Corbyn é reeleito presidente do Partido Trabalhista britânico

    DIOGO BERCITO
    EM LONDRES

    24/09/2016 10h45 - Atualizado às 15h40

    Jeremy Corbyn, 67, foi reeleito líder do Partido Trabalhista britânico neste sábado com 61,8% dos votos.

    Ele derrotou seu rival, Owen Smith, que teve 38,2%, e fortaleceu-se dentro da sigla.

    No ano passado, Corbyn havia recebido 59,5% dos votos.

    Mesmo com a vitória, ele ainda enfrentará a dissidência dentro da própria sigla, com a oposição de deputados. Mesmo com sua popularidade entre militantes, Corbyn não seria eleito nas próximas eleições, em 2020, de acordo com as estimativas atuais -o que coloca em perspectiva a diferença entre o voto de simpatizantes e o pleito do país.

    Oli Scarff/AFP
    British opposition Labour Party leader Jeremy Corbyn speaks after being announced as the winner of the party's leadership contest at the Labour Party Leadership Conference in Liverpool on September 24, 2016. Left-winger Jeremy Corbyn was re-elected British Labour leader on Saturday, seeing off a challenge from his MPs but leaving the opposition party deeply divided, with its very future in question. / AFP PHOTO / OLI SCARFF
    Corbyn discursa após ser anunciado como vencedor na disputa pelo comando do Partido Trabalhista

    O líder incomoda parte da cúpula de seu partido com posições vistas como exageradamente à esquerda. Ele defende nacionalizações, por exemplo, e critica armamentos nucleares, além de condenar medidas de austeridade.

    O trabalhista David Miliband, ex-chanceler britânico, escreveu recentemente a uma revista que o partido "nunca esteve tão longe do poder desde os anos 1930".

    Os rivais de Corbyn afirmam que, ao migrar mais à esquerda dentro do espectro politico, os trabalhistas podem perder os votos do centro, impossibilitando sua vitória em 2020.

    'BREXIT'

    O possível enfraquecimento dos trabalhistas, justamente no momento em que o Reino Unido negocia sua saída da União Europeia, pode fortalecer os conservadores, hoje no poder.

    O Reino Unido votou em um referendo em 23 de junho para deixar o bloco econômico, inaugurando um perÍodo de incerteza política.

    A saída ainda é distante, e não tem contornos claros. O país deve acionar no início de 2017 o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dará início às negociações. Estima-se que o processo dure dois anos, durante os quais a disputa pelo poder terá especial relevância.

    Nesse contexto, comemorando sua vitória, Corbyn pediu que o partido se una e enfrente o Partido Conservador, para resultar em "uma mudança real" para o Reino Unido.

    "Sempre se lembrem de que em nosso partido temos mais em comum do que o que nos divide", ele afirmou a simpatizantes da sigla durante o sábado (24).

    Smith, derrotado por Corbyn, afirmou que irá refletir "cuidadosamente" sobre seu papel futuro dentro do partido. Ele disse ter entrado na disputa por discordar da liderança do rival, mas que aceita o resultado.

    Apesar das desavenças internas, os trabalhistas são o partido com o maior número de membros no Reino Unido, congregando cerca de 515 mil pessoas. Os conservadores têm em torno de 150 mil, de acordo com o jornal britânico "the Guardian".

    Isso significa que Owen Smith, derrotado por Corbyn no sábado, teve mais votos (193 mil) do que o número de membros do Partido Conservador. Corbyn recebeu, por sua vez, mais de 313 mil votos.

    O Partido Trabalhista vive um momento semelhante àquele do partido espanhol Podemos, que se construiu nos últimos anos em cima de uma ampla militância. Cerca de 300 mil pessoas se uniram aos trabalhistas no ultimo ano, quase triplicando o seu tamanho.

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