Varejistas e donos de restaurantes na Coreia do Sul estão começando a oferecer caixas de presentes e cardápios fixos mais baratos, enquanto a quarta maior economia da Ásia promulga uma nova e rígida lei contra propinas, dentro de um esforço para combater a corrupção flagrante.
Jantares caros sempre fizeram parte do fechamento da maior parte dos contratos comerciais no país, ao lado de presentes de alto valor e saídas para jogar golfe. Mas a nova lei, que afeta 4 milhões de funcionários públicos, professores e jornalistas e entrou em vigor nesta semana, limita a apenas 30 mil wons (US$27) o valor das refeições que podem ser oferecidas a eles. O valor máximo permitido para o jabá é 50 mil wons. Infrações às novas regras podem ser punidas com prisão e uma multa enorme.
Kim Hong-Ji/Reuters | ||
Pratos com cortes de bife em restaurante da Coreia do Sul |
Adotada depois de alguns casos de corrupção ganharem grande destaque na Coreia do Sul este ano, a nova legislação está gerando indignação entre agricultores, varejistas e donos de restaurantes, preocupados com o impacto negativo que terá sobre o consumo interno.
Altas autoridades governamentais, como o ministro das Finanças, Yoo Il-ho, e o presidente do Banco da Coreia, Lee Ju-yeol, declararam que a nova lei representa um risco para o crescimento econômico do país. O Instituto de Pesquisas Econômicas da Coreia do Sul estima que os prejuízos comerciais anuais para os setores afetados chegarão a cerca de 11,6 trilhões de wons.
Outras empresas sul-coreanas também tiveram que pensar em maneiras de fazer negócios sem recorrer a hospitalidade corporativa excessiva. Grandes empresas sul-coreanas, incluindo LG Group, SK Holdings e Hyundai Capital, vêm promovendo sessões informativas para seus funcionários para orientá-los a cumprir a lei.
A nova legislação foi confirmada pela Corte Constitucional em julho. Muitos setores na Coreia do Sul saudaram a decisão como divisor de águas para um país onde a corrupção continua a correr solta, não obstante o desenvolvimento econômico acelerado. No ano passado a Transparency International classificou a Coreia do Sul em 27º lugar entre os 34 países da OCDE em sua lista de países corruptos.