• Mundo

    Sunday, 28-Apr-2024 09:06:03 -03

    Dilma poderia ter sido preservada, diz Cristina Kirchner

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    30/09/2016 02h00

    Em sua primeira viagem internacional após deixar a Presidência argentina, em dezembro de 2015, Cristina Kirchner exacerbou a divisão ideológica na América do Sul.

    Alvo de denúncias de corrupção, Cristina está isolada politicamente em seu país, agora comandado pelo governo de centro-direita de Mauricio Macri.

    No Equador do esquerdista Rafael Correa, porém, ela foi recebida com pompa nesta quinta-feira (29). No primeiro dia de viagem, a ex-dirigente foi condecorada no Congresso Nacional.

    Cristina discursou por cerca de 50 minutos e disse que a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe da direita que talvez tivesse sido detido em outra época, quando a esquerda predominava na região.

    "Talvez, em outro momento, isso [o impeachment] não tivesse acontecido, porque a relação de forças existente no continente poderia ter impedido", afirmou.

    Para a ex-mandatária, é inegável o avanço da "ordem neoconservadora na região".

    AFP
    Photo released by Telam of former Argentinian President Cristina Fernandez de Kirchner waving upon her arrival at the Madres de Plaza de Mayo Human Rights organization's headquarters in Buenos Aires on August 11, 2016. Kirchner will meet the organization's head Hebe de Bonafini ahead of the group's 2000th round in the square, where they have met every Thursday since 1977 to protest for their children missing during the last military dictatorship (1976-1983) in Argentina. / AFP PHOTO / TELAM / STR / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / TELAM" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS
    Ex-presidente Cristina Kirchner em Buenos Aires, em agosto

    Seu anfitrião e aliado, Correa também fez referência à mudança de direção política na América do Sul e disse que Cristina, Dilma e Lula são vítimas da direita.

    "É uma grande honra receber uma mulher icônica na América Latina como Cristina, vítima da judicialização da política —como Dilma e Lula também o são— nessa nova estratégia da direita de acabar com os líderes progressistas. Eles, porém, não conseguirão."

    Como já havia feito anteriormente, Cristina aproveitou para se comparar com a ex-mandatária brasileira.

    "Houve tentativas durante meus dois períodos como presidente. A direita restauradora dos velhos privilégios e dessa América Latina mera exportadora de matérias-primas, com milhões de excluídos, tentou um final para mim similar ao de Dilma."

    Segundo o jornal "La Nación", o embaixador argentino no Equador, Luis Juez, não aprovou a visita de Cristina e afirmou que ela não merecia a condecoração. "Ela vai fazer o que não pode na Argentina, onde passa pelo tribunal."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024