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    Bancos alertam que EUA podem perder investimentos sauditas após lei

    SIMEON KERR
    DO "FINANCIAL TIMES", EM DUBAI

    DEMETRI SEVASTOPULO
    DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

    30/09/2016 14h38

    A legislação americana que permite que as famílias das vítimas dos ataques do 11 de Setembro processem a Arábia Saudita ameaça deter o investimento saudita nos EUA e traz como risco o desencadeamento da venda de bilhões de dólares em ativos, de acordo com banqueiros do Golfo.

    O Congresso dos EUA votou na quarta-feira (28), de forma esmagadora, a favor da desconsideração de um veto presidencial da legislação, que não leva em conta reivindicações de imunidade estrangeira para ataques terroristas nos EUA.

    Riad não respondeu oficialmente à votação do Congresso. Mas os sauditas expressaram preocupação aos banqueiros de que seus ativos possam terminar sendo alvo de ações judiciais.

    Os banqueiros dizem esperar que a Arábia Saudita aja com cautela, enquanto monitoram processos legais. Mas as preocupações sauditas estão minando as bases de novos investimentos e aumentando a perspectiva de liquidações, acrescentaram.

    "Os sauditas com certeza serão mais cautelosos, e as implicações de longo prazo para ativos sauditas nos EUA poderiam ser enormes", disse um banqueiro que administra dinheiro saudita.

    Um gerente de fundos no Golfo disse que os investidores sauditas já estariam planejando reduzir sua exposição nos EUA e se preparando para reduzir investimentos no país. "Eles estão preocupados com o congelamento de bens", disse ele.

    Os banqueiros estimam que a maior parte dos ativos do governo saudita e da família real está nos EUA, o que coloca centenas de bilhões de dólares em risco de liquidação. Só o Banco Central mantém um valor estimado de US$ 170 bilhões (cerca de R$ 553,4 bilhões) em títulos do Tesouro dos EUA, afirmam os banqueiros.

    "É possível que cada instituição ou pessoa ligada ao governo saudita ou à família real tenha de retirar seu dinheiro de todos os bancos com sede nos EUA", disse o banqueiro. "Se um tribunal norte-americano ordenar confiscos, seria aplicável a todas as empresas registradas nos EUA."

    Os ataques de 11 de setembro de 2001 foram reivindicados pela rede terrorista Al Qaeda e realizados principalmente por cidadãos sauditas. Há suspeitas persistentes nos EUA de que funcionários do governo saudita deram assistência aos sequestradores, enquanto estiveram no país.

    Riad e Washington, que são aliados tradicionais, sempre negaram envolvimentos sauditas oficiais.

    Tradução de DENISE MOTA

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