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    Em um ano, ofensiva militar russa matou mais de 9.000 na Síria, diz ONG

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    30/09/2016 21h09

    Mais de 9.000 pessoas morreram na Síria desde setembro do ano passado, quanto começaram os bombardeios aéreos realizados pela Rússia em apoio ao ditador sírio, Bashar al-Assad, em áreas controladas pelos rebeldes opositores do regime.

    É o que aponta relatório divulgado nesta sexta-feira (30) pela ONG britânica Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que monitora o conflito desde seu início, em 2011.

    De acordo com o levantamento, 9.364 pessoas morreram devido à ofensiva militar russa. Desses, 3.804 eram civis —906 crianças. Os mortos incluem ainda 2.746 membros da facção terrorista Estado Islâmico e 2.814 integrantes de outros grupos rebeldes.

    Thaer Mohammed/AFP
    Voluntários sírios carregam pessoa ferida após bombardeio em bairro rebelde de Aleppo nesta sexta (30)
    Voluntários sírios carregam pessoa ferida após bombardeio em bairro rebelde de Aleppo nesta sexta (30)

    No início de setembro, balanço divulgado pelo observatório contabilizava 301 mil mortes nos cinco anos de guerra civil —86,6 mil civis.

    A ofensiva militar russa na Síria começou em 30 de setembro do ano passado e conseguiu reforçar as posições de Assad em áreas estratégicas, como na província de Aleppo, no norte do país, e na região da capital, Damasco.

    O porta-voz do Kremlin afirmou nesta sexta que a operação russa na Síria é um sucesso e que, se não fosse pela ajuda de Moscou, militantes do Estado Islâmico estariam "sentados em Damasco".

    Questionado sobre o relatório do observatório e as consequências dos bombardeios russos, Dmitry Peskov disse que não iria comentar dados de "um grupo baseado no Reino Unido". A ONG, porém, mantém uma rede de colaboradores em solo sírio.

    Segundo ele, Putin nunca estabeleceu um cronograma para o fim dos ataques aéreos.

    O enviado especial britânico à Síria, Gareth Bayley, criticou a ofensiva militar de Moscou. "A Rússia provou não ser capaz ou não estar disposta a influenciar Assad e deve arcar com a responsabilidade pelas atrocidades cometidas pelo regime."

    KERRY

    Em áudio obtido pelo jornal "The New York Times" de uma reunião com grupos sírios na semana passada, em meio à Assembleia Geral da ONU, o secretário de Estado americano, John Kerry, reconheceu o fracasso dos esforços diplomáticos na busca de uma solução para o conflito.

    Kerry admite a possibilidade de Assad participar de uma eleição organizada pelas potências ocidentais e supervisionada pela ONU, indo contra a posição americana desde o início da guerra, de que Assad e seus aliados não podem participar de um governo de transição.

    "Todos que estão registrados como refugiados [sírios] em qualquer lugar do mundo podem votar. Eles votariam no Assad?", questiona Kerry.

    Mais tarde, um funcionário do Departamento de Estado disse, em condição de anonimato, que o secretário não indicou uma mudança de posição em relação a Assad, e sim que qualquer eleição justa acabaria afastando o ditador do poder.

    CRISE EM ALEPPO

    Novos bombardeios nesta sexta deixaram ao menos 15 mortos em Aleppo, informou o observatório. Vivem nessa cidade do norte sírio cerca de 250 mil pessoas sob cerco das forças de Assad, o que dificulta a chegada dos comboios de ajuda humanitária e agrava ainda mais a escassez de alimentos e remédios.

    Omar Haj Kadour/AFP
    Caminhão de comboio da ONU que levava ajuda humanitária destruído perto de Aleppo, no norte da Síria
    Caminhão de comboio da ONU que levava ajuda humanitária destruído perto de Aleppo, no norte da Síria

    Reportagem do jornal britânico "The Guardian" publicada nesta sexta revelou que 80% dos 33 comboios aprovados por Damasco em setembro não chegaram aos seus destinos —mesmo os seis que conseguiram tiveram remédios retirados pelo regime, afirma o jornal.

    O chefe do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien, disse nesta sexta ao Conselho de Segurança da entidade que as condições em Aleppo chegaram ao "abismo sem piedade da catástrofe humanitária".

    O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse que Moscou vem fazendo o possível para organizar tréguas semanais para entrega de ajuda humanitária em Aleppo —um cessar-fogo acordado entre Rússia e EUA em setembro com duração de uma semana falhou em ser renegociado.

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