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    Colombianos votam em plebiscito sobre acordo histórico com as Farc

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    02/10/2016 10h02

    As urnas foram abertas na Colômbia às 8h (10h de Brasília) deste domingo (2) para a votação do plebiscito que define a aprovação ou a rejeição do acordo de paz entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

    São 34,9 milhões de colombianos convocados a dar sua opinião sobre as negociações que podem por fim a um conflito de 52 anos no país. A grande dúvida é quantos desses milhões de eleitores irão efetivamente às urnas, já que na Colômbia o voto não é obrigatório e os últimos pleitos foram marcados por índices elevados de abstenção.

    Diana Sanchez-01º.out.2016/AFP
    Supporters of Colombian President Juan Manuel Santos hold a sign reading "Yes" ahead of Sunday referendum during a volleyball match between Colombian and Rwanda in Bogota, Colombia, on October 1, 2016. Colombians will vote a referendum Sunday on whether to ratify a historic peace accord to end the 52-year war between the state and the communist FARC rebels. The accord will effectively end what is seen as the last major armed conflict in the Western Hemisphere. The war has killed hundreds of thousands of people and displaced millions. / AFP PHOTO / Diana SANCHEZ ORG XMIT: DSM
    Apoiadores do presidente Juan Manuel Santos fazem manifestação pelo "sim" durante partida de vôlei

    Para o plebiscito, os principais institutos de pesquisa apontam para uma abstenção que pode variar entre 40% a 50%.

    "Para que a paz seja estável e duradoura é necessário o selo de legitimidade e aprovação do povo colombiano", disse o presidente Juan Manuel Santos ao instalar a missão de 200 observadores de 25 países que acompanharão o dia de votação.

    Para que seja aprovado o histórico acordo, firmado no último dia 26, são necessários mais de 4,4 milhões de votos para o "sim" e que estes sejam mais numerosos que o "não".

    Felipe Caicedo-01º.out.2016/Reuters
    Demonstrators take part in an event organized by supporters of the "no" vote for the upcoming referendum on a peace deal between the government and Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC) rebels in Bogota, Colombia, October 1, 2016. REUTERS/Felipe Caicedo FOR EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVES ORG XMIT: JWV10
    Manifestantes fazem ato pelo "não" ao acordo de paz com as Farc

    As últimas pesquisas de intenção de voto indicam que o "sim" terá entre 55% e 66% dos votos. Já o 'não", apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), teria em torno de 35%.

    O resultado deve ser divulgado às 17h (19h em Brasília).

    "Não entreguemos a Colômbia", disse Uribe, hoje senador, para quem o acordo garantiria impunidade aos rebeldes das Farc e levaria o país ao "castrochavismo" de Cuba e Venezuela.

    CONSEQUÊNCIAS

    Caso o "sim" vença, o governo colombiano espera ganhos além da paz. De acordo com os cálculos da equipe econômica de Santos, o país poderá crescer entre 2 a 3 pontos percentuais a mais do que o normal a partir de 2017.

    A estratégia é vender a imagem de um país pacificado que traga mais investimentos estrangeiros. O turismo também vem sendo visto como fonte de novos recursos, uma vez que destinos antes proibidos de serem visitados devido à presença da guerrilha, como Caños Cristales (um rio colorido no Departamento de Meta), ou lugares na região amazônica, poderão ser incorporados aos roteiros de viagens tradicionais.

    A vitória do "sim", porém, também representará um novo desafio, o de buscar fundos para as reformas necessárias. Só para desminar o território, Santos conseguiu uma ajuda exterior de US$ 87 milhões. Porém, serão necessários outros US$ 210 milhões. Também é preciso dinheiro para reconstruir a infraestrutura destruída pela guerra e implementar a reforma agrária que consta do documento.

    Santos afirma que o crescimento do PIB permitirá esses gastos sem ter de aumentar impostos. A oposição, porém, insiste que o governo deve fazer com que as Farc paguem parte da reconstrução do país.

    Se a alternativa do "não" for vitoriosa, as Farc não pretendem seguir na mesa de negociações, como afirmaram seus líderes após a Décima Conferência, realizada há duas semanas. O mais provável, portanto, é que a guerrilha retorne aos montes e selvas.

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