Em raro consenso, em tempos de "brexit" e crise migratória, o Parlamento Europeu aprovou na terça-feira (4) o Acordo de Paris. Com isso, o texto está prestes a vigorar.
A aprovação pelos legisladores foi acompanhada por Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, em Estrasburgo (França). Houve 610 votos a favor, 38 contra e 31 abstenções.
Frederick Florin/AFP | ||
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, em sessão do Parlamento Europeu que ratificou Acodo de Paris |
Os 28 países-membros do bloco devem assinar a aprovação durante esta semana. A ratificação deve ser entregue à ONU na sexta-feira (7).
Uma vez nas Nações Unidas, o acordo passa a valer depois de 30 dias, a tempo de uma conferência prevista para novembro no Marrocos.
É necessário que nações representando 55% das emissões globais assinem o acordo, para que entre em vigor. Antes da ratificação da União Europeia, 62 países com 52% das emissões já haviam aprovado esse texto.
"Com a ação tomada pelo Parlamento da UE, estou confiante de que será possível cruzar o limite de 55% [das emissões] em breve, em questão de dias", disse Ban a jornalistas.
Um importante empurrão foi dado no domingo (2) com a entrada da Índia, responsável por 4,1% das emissões.
A União Europeia, em seu conjunto, responde por 12%. Alguns de seus países-membros já haviam ratificado o texto de maneira individual.
AQUECIMENTO
O Acordo de Paris foi aprovado em dezembro de 2015, na conferência do clima da ONU em Paris. A decisão obrigará pela primeira vez os países signatários da convenção do clima (1992) a adotar medidas para o combate à mudança climática.
O texto tem como objetivo limitar os efeitos do aquecimento global, como ondas de calor, enchentes, secas e a subida do nível do mar. A meta é impedir que a temperatura suba mais do que 2ºC em relação a níveis pré-industriais.
A aprovação no Parlamento Europeu foi recebida como demonstração da capacidade do bloco econômico de unir-se em torno de questões urgentes. A mensagem tem especial impacto, durante a crise dentro dessa união.
O Reino Unido votou em 23 de junho paradeixar o bloco, no que ficou conhecido como "brexit". A decisão deu indícios de que o modelo da União Europeia já não é necessariamente visto como um caso de sucesso.
Ademais, países europeus têm discordado a respeito do futuro dos refugiados, criando divisões internas. Em um lado está a Alemanha, que abriu as portas aos migrantes. Do outro, a Hungria, que construiu cercas de arame.
(articleGraphicCredit).. | ||