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    Juan Manuel Santos dedica Nobel da Paz ao 'sofrido' povo colombiano

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    07/10/2016 08h51 - Atualizado às 10h49

    Após ser declarado vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2016, o presidente colombiano, Juan Mauel Santos, disse que o prêmio é um "grande estímulo" para a construção da paz na Colômbia.

    "Recebo [este prêmio] com grande emoção", disse Santos em entrevista à Fundação Nobel publicada nesta segunda-feira (7) nas redes sociais.

    Guillermo Legaria-5.set.2016/AFP Photo
    Colombia's President Juan Manuel Santos gestures during an interview with AFP at Casa de Narino presidential palace in Bogota, Colombia, on September 5, 2016. / AFP PHOTO / GUILLERMO LEGARIA ORG XMIT: GLS010
    Juan Manuel Santos dá entrevista no Palácio de Nariño, sede da Presidência colombiana

    "Recebo este prêmio em seu nome: o povo colombiano que sofreu tanto por esta guerra", afirmou. "Especialmente os milhões de vítimas que sofreram nesta guerra à qual estamos prestes a pôr fim."

    "Sou eternamente grato", declarou o presidente, agraciado com o Nobel da Paz por ter liderado as negociações para encerrar o conflito com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). A guerra se arrasta por mais de cinco décadas e já deixou mais de 200 mil mortos.

    A notícia da vitória do presidente colombiano foi recebida com alguma surpresa, pois suas negociações foram rejeitadas durante o domingo (2) em um referendo na Colômbia, enfraquecendo sua posição política e colocando em dúvida a viabilidade da paz.

    O prêmio foi revelado quando ainda era madrugada na Colômbia. Programas de rádio matinais noticiaram com furor a entrega do prêmio ao presidente do país.

    REPERCUSSÃO

    Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia e líder da campanha pelo "não" ao acordo de paz com as Farc, parabenizou seu rival Santos pelo prêmio.

    "Parabenizo o presidente Santos pelo Nobel e desejo que [o prêmio] provoque mudanças em acordos nocivos à democracia", disse Uribe no Twitter.

    Considerado grande vitorioso do plebiscito que rejeitou o acordo de paz, Uribe deve ser decisivo nos próximos passos do processo de negociação com as Farc.

    O líder das Farc, Rodrigo "Timochenko" Londoño, congratulou o presidente Santos por ter vencido o Nobel da Paz.

    No Twitter, o guerrilheiro disse que a "paz teria sido impossível" sem os esforços de Santos e dos representantes de Cuba, Noruega, Chile e Venezuela que participaram das negociações.

    A ex-refém das Farc Ingrid Betancourt disse que a guerrilha também merecia ter recebido o Nobel da Paz.

    Ao ser questionada, em entrevista por telefone à emissora francesa I-Télé, se também mereciam a condecoração os guerrilheiros que a mantiveram em cativeiro na selva colombiana entre 2002 e 2008, Betancourt respondeu, emocionada: "Para mim é muito difícil dizer que sim, mas acredito que sim".

    O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, disse que a decisão de dar o Nobel da Paz a Santos traz "esperança e alento".

    "[O processo de paz na Colômbia] foi longe demais para retroceder agora", disse Ban, referindo-se à derrota nas urnas do acordo com as Farc. "Deveria inspirar nosso mundo."

    Vencedora do Nobel da Paz em 2014, a jovem paquistanesa Malala Yousafzai congratulou Santos, afirmando que o mundo precisa de "líderes valentes".

    "Dou as boas vindas [a Santos] aos laureados do Nobel", disse Malala, 19, reconhecida por sua luta pelo direito das garotas à educação no Paquistão. "Em um ano com tanta violência, perdas e desesperança, o presidente Santos nos lembra que devemos trabalhar para acabar com o sofrimento e nunca renunciar à paz."

    Por meio de seu porta-voz, a chanceler alemã, Angela Merkel, parabenizou Santos pela conquista do Nobel da Paz, dizendo que ele é um "homem com visão para seu país".

    O chefe da agência da ONU para refugiados (Acnur), Filippo Grandi, disse que a entrega do Nobel da Paz a Santos é um reconhecimento de sua "vontade política".

    Grandi lembrou que o conflito na Colômbia produziu a "maior situação de deslocamento interno" no mundo, tendo expulsado de suas casas mais de 7 milhões de pessoas.

    O porta-voz do escritório da ONU para direitos humanos (Acnudh), Rupert Colville, disse esperar que o prêmio dê um "impulso" ao processo de paz.

    O grupo de voluntários Capacetes Brancos, que atua na Síria e era um dos favoritos ao Nobel da Paz em 2016, parabenizou santos nas redes sociais e afirmou que "sinceramente deseja paz" ao povo da Colômbia.

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