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    Após escândalo sexista, Trump diz que há 'zero chance' de sair da disputa

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    08/10/2016 13h35 - Atualizado às 02h00

    Spencer Platt/AFP
    Trump saúda seus apoiadores depois de sair da Trump Tower, em Nova York
    Trump saúda seus apoiadores depois de sair da Trump Tower, em Nova York

    Na véspera do segundo debate presidencial com Hillary Clinton e a um mês da eleição, Donald Trump teve de ir a público neste sábado (8) para dizer que não desistirá da disputa, depois que sua candidatura pareceu entrar em queda livre com a revelação de comentários sexistas feitos pelo bilionário em 2005.

    "Nunca desistiria. Nunca desisti de nada na vida", disse Trump neste sábado ao jornal "The Washington Post", que na véspera divulgou a gravação que foi o estopim da crise. Em um canal oficial, ele afirmou: "Nunca vou desapontar meus apoiadores."

    No vídeo de 2005, ele faz comentários obscenos sobre mulheres, dizendo que podia beijar, agarrar e fazer "qualquer coisa" com elas. "Quando você é uma estrela, elas deixam. Pegue-as pela xoxota", disse Trump nos bastidores de um programa de TV.

    Pouco antes de dizer que não sairia da disputa, o bilionário tentou apagar o incêndio provocado pela revelação, num vídeo de 90 segundos em que pediu desculpas, mas também partiu para o ataque contra Hillary.

    "Qualquer um que me conhece sabe que essas palavras não refletem quem eu sou. Eu disse: errei e peço desculpas", disse Trump, prometendo "ser um homem melhor amanhã".

    O esforço foi considerado pela imprensa americana um pedido de desculpas pela metade, já que Trump chama a revelação de "nada mais que uma distração" dos problemas do país.

    Ele ainda acusou o marido da adversária, o ex-presidente Bill Clinton, de ter abusado de mulheres, e Hillary de "ameaçar intimidar e atacar as vitimas" do marido.

    O novo escândalo provocou uma onda de repúdio entre vários nomes do Partido Republicano, que incluiu até o candidato a vice de Trump, Mike Pence (leia mais na página A20).

    As declarações inflam ainda mais a imagem de cafajeste e sexista de Trump –enquanto ele precisa ampliar o voto feminino– e o mantêm na defensiva para o segundo cara a cara com Hillary.

    No vídeo em que pediu desculpas, porém, Trump finaliza dizendo que falará mais sobre os "abusos" de Bill e Hillary Clinton em breve e convidou o público a assistir ao debate, indicando que partirá para o ataque.

    O segundo encontro cara a cara entre os dois será em Saint Louis, Estado de Missouri (meio-oeste), neste domingo, às 22h de Brasília. Terá um formato bem diferente do primeiro, o "town hall", que remete à época colonial nos EUA, em que decisões eram tomadas em assembleias comunitárias.

    Os candidatos ficam em pé, falando diretamente com a plateia. Perguntas serão feitas pelo público presente e pelos mediadores.

    Isso dificulta uma posição mais ofensiva de Donald Trump, disse à Folha Alan Schroeder, professor de jornalismo da Universidade Northeastern, em Boston, e também autor do recém-lançado "Debates Presidenciais: um negócio arriscado na rota da campanha".

    Embora a história mostre que os debates não têm peso significativo nas urnas, ele acredita que desta vez poderá ser diferente. "Trump precisa expandir sua base, e debates servem para isso. Hillary tem a chance de fortalecer seu apoio de modo a tornar sua eleição inevitável."

    Pulando de um escândalo para outro e em queda nas pesquisas –depois de estar empatado com Hillary no primeiro debate, vê a rival 4,7 pontos percentuais à frente na média nacional de pesquisas–, Trump depende de um desempenho "sensacional" para salvar sua candidatura, disse o âncora Chris Wallace, da rede de TV MSNBC.

    "O sujeito já estava na beira do abismo. Vai ter que ser Houdini para levar a melhor no debate", em referência ao famoso mágico.

    NA TV

    Debate dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos:
    Hoje, 22h, BandNews, CNN e Bloomberg

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