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    Colômbia avança em diálogo de paz com o ELN, segunda guerrilha do país

    DA AFP
    DE SÃO PAULO

    10/10/2016 23h08

    O governo colombiano e a segunda maior guerrilha do país, o ELN (Exército da Libertação Nacional), iniciarão negociações de paz no próximo dia 27, em Quito (Equador), para pôr fim a um conflito armado de mais de 50 anos, anunciaram as partes nesta segunda-feira (10), em Caracas.

    "As delegações do governo nacional e do ELN acertaram (...) instalar no dia 27 de outubro, em Quito, Equador, a mesa pública de conversações", afirma a declaração lida na Casa Amarela, sede da chancelaria venezuelana.

    O anúncio ocorre uma semana depois do plebiscito em que o povo colombiano rejeitou o acordo de paz assinado entre o governo e a maior guerrilha do país, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

    Federico Parra/AFP Photo
    Os representantes do governo colombiano, Mauricio Rodriguez (à esq.), e do ELN, Pablo Beltran, em Caracas
    Os representantes da Colômbia, Mauricio Rodriguez (à esq.), e do ELN, Pablo Beltran, em Caracas

    O esforço por uma solução que encerrasse o conflito de 52 anos rendeu ao presidente colombiano Juan Manuel Santos o Prêmio Nobel da Paz na semana passada.

    Antes do início da etapa de negociações, o ELN comprometeu-se a libertar dois reféns. Um deles seria o ex-congressista Odín Sánchez Montes de Oca, que foi trocado pelo irmão, o ex-governador do departamento de Chocó Patrocinio Sánchez, mantido quase três anos em cativeiro.

    Horas antes do encontro em Caracas, a guerrilha já havia libertado um refém, identificado como Nelson Alarcón, sequestrado três meses atrás.

    "Além disso, cada uma das partes fará, a partir da data, outras ações e dinâmicas humanitárias para criar um ambiente favorável à paz", afirma o comunicado.

    "Estamos buscando há cerca de três anos uma negociação com a guerrilha do ELN para acabar também com o conflito armado com eles (...) Agora que avançamos com o ELN será completa. Será uma paz completa!", disse o presidente Santos em uma declaração à TV na Casa de Nariño, sede do Executivo colombiano, em Bogotá.

    No que pode ser considerado um recuo do ELN, a guerrilha aceitou que as reuniões aconteçam fora da Colômbia, a exemplo das rodadas de negociação entre governo e Farc, que ocorreram em Havana (Cuba).

    BRASIL

    O Brasil será um dos países fiadores do acordo, juntamente com Venezuela, Equador, Chile, Cuba e Noruega. O representante brasileiro na cerimônia do anúncio desta segunda foi o diplomata José Solla, conselheiro na embaixada em Caracas.

    Assim como as Farc, o ELN nasceu nos anos 1960 e se define como uma guerrilha marxista, exigindo melhor distribuição de terras e mais participação política. Enquanto as Farc, porém, abraçaram rapidamente o narcotráfico, o ELN financia-se essencialmente da extorsão. Sua principal forma de pressão é o sequestro.

    O governo tem pressa em acertar a paz com o ELN porque teme que dissidentes das Farc passem para as filas do ELN, como já ocorreu com parte de um batalhão, há alguns meses. Outra preocupação é que o grupo, que tem hoje cerca de 2.500 membros, se apodere de rotas de tráfico das Farc.

    Editoria de arte/Folhapress
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