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    Trump ataca 'New York Times' e volta a negar acusações de assédio sexual

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    13/10/2016 15h34 - Atualizado às 17h57

    O presidenciável republicano, Donald Trump, está em guerra, e não apenas contra sua rival democrata, Hillary Clinton.

    Sua artilharia, agora, voltou-se ao jornal "New York Times", que publicou nesta quarta-feira (12) reportagem em que duas mulheres acusam o empresário de assediá-las no passado.

    Primeiro veio a carta de um de seus advogados. "Seu artigo é imprudente, difamatório e constitui difamação por si", escreveu Marc Kasowitz ao jornal.

    A missiva acusa o "NYT" de agir sob interesses políticos, questiona por que as mulheres esperaram tanto tempo para fazer as denúncias, chamadas de "falsas e maliciosas", e exige que a publicação se desculpe e tire o material do ar, sob ameaça de processo.

    Em setembro, o jornal publicou editorial endossando a candidatura de Hillary e classificando Trump como o "pior candidato de um grande partido na história moderna americana".

    Na manhã desta quinta (13), Trump já havia proferido sua ira contra o jornal. "Esta história de ataque no fracassado 'NYT' é uma FABRICAÇÃO TOTAL."

    Horas depois, em comício na Flórida, o candidato pôs sob suspeita a integridade de suas acusadoras. "Basta olhar para essas pessoas E você também entenderá."

    Ele acrescentou que tem "evidência substancial para contestar essas mentiras" —e que as tornará públicas "no momento apropriado, em breve". O bilionário disse ainda que sua campanha é uma "ameaça existencial" ao establishment político e acusou Hillary, o "New York Times" e outros veículos de comunicação de estarem em uma "tentativa perversa" de pará-lo.

    Na semana passada, o "Washington Post" trouxe à tona vídeo de 2005, em que Trump, então com 59 anos, vangloria-se de poder fazer "qualquer coisa" com mulheres, até "pegá-las pela xoxota", já que "estrelas" saem impune desse tipo de situação. Ele não sabia que estava sendo gravado.

    No domingo (9), durante debate com Hillary, o republicano disse que aquilo foi apenas "conversa de vestiário". Pressionado por um dos apresentadores a responder se as palavras já haviam sido concretizadas em ação, ele negou.

    A reportagem do "NYT", contudo, o desmente.

    À publicação Jessica Leeds, 74, contou que foi convidada há mais de três décadas para se sentar na primeira classe de um voo. Não reconheceu o homem alto na poltrona ao lado: Trump, no começo de sua carreira no setor imobiliário. Ele teria agarrado seus peitos e tentado colocar a mão por baixo de sua saia, disse.

    Rachel Crooks afirmou que quando tinha 22 anos, recepcionista de uma companhia imobiliária na Trump Tower de Manhattan, o dono do prédio tentou beijá-la à força no elevador.

    O jornal as questionou sobre ter esperado tanto tempo para denunciar Trump. Leeds disse que, na época, ainda imperava a ideia de que "mãos bobas" eram aceitáveis. "Aceitamos isso por anos. Fomos ensinadas de que era nossa culpa."

    Um advogado do "New York Times" respondeu a carta do advogado de Trump dizendo que não removeria a reportagem nem pediria desculpas. "Seria um desserviço não só para nossos leitores, mas para a própria democracia se a gente silenciar a voz [dessas mulheres]."

    E arrematou: "Se Mr. Trump não concorda, se ele acha que os cidadãos americanos não têm direito de ouvir o que essas mulheres têm a dizer (...), nós saudamos a oportunidade de que um tribunal o corrija".

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